Crítica – Em Um Bairro de Nova York
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Chegou aos cinemas na última sexta-feira (11), o filme “Em Um Bairro de Nova York”, adaptação do musical da Broadway originalmente intitulado de “In The Heights”. O longa aborda um período de três dias na vida da comunidade latina de Washington Heights e todos os sonhos, dúvidas e desafios que envolvem a vivência desse grupo nos dias de hoje. Com uma trilha sonora empolgante e um elenco competente e diverso em tela, certamente esse é um dos melhores filmes musicais dos últimos anos.
O filme, pouco a pouco, nos apresenta a história de cada um dos personagens. Inicialmente, somos apresentados a Usnavi (Anthony Ramos), dono da mercearia local que, apesar de possuir um comércio bem estabelecido na região, tem como grande sonho reativar o hotel que seu pai possuía na República Dominicana. Ao mesmo tempo, vive um caso com Vanessa Morales (Melissa Barrera), funcionária do salão do bairro que luta para se tornar uma estilista famosa. Em paralelo, o melhor amigo de Usnavi, Benny (Corey Hawkins), comanda a empresa de táxi da área enquanto se aproxima da filha de seu chefe, Nina (Leslie Grace), que está de volta a Nova York após uma temporada na universidade de Stanford.
Todos os quatro atores cumprem bem suas funções, não imitando o que já havia sido feito no teatro e conferindo suas próprias características, com destaque para Ramos, que parece ter nascido para viver tal papel. Outra grande surpresa do longa é a atuação de Olga Merediz, como a “abuela” Cláudia, tida pelos moradores do bairro como uma verdadeira mãe. Ela os inspira e encoraja a seguirem em frente mesmo com todos os percalços. A cena em que reflete sobre todos os obstáculos que já enfrentou em sua vida é um grande momento do filme.
Ao contrário da versão teatral, em que havia apenas um cenário base, dessa vez as possibilidades são maiores com as casas dos protagonistas e as ruas, não só do bairro, mas da cidade de Nova York. A trilha tem a assinatura de Lin Manuel Miranda, autor e protagonista da peça que inspirou o filme, estreada seis anos antes de “Hamilton”. A obra mais conhecida do artista também é homenageada no longa. De forte influência latina, as canções proporcionam momentos apoteóticos em cena em que todo o elenco preenche a tela cantando e reafirmando o orgulho de suas origens. A fotografia é uma das que mais se beneficia a partir da direção de Jon M.Chu, que se usa de cortes amplos, com destaque para a sequência inicial com a imagem do nascer do sol e o início de mais um dia.
Ao final da projeção, a mensagem que fica é de que esta é uma história sobre afirmação e legado. Afirmação no sentido de que os personagens, cada um na sua realidade, enfrentam obstáculos no dia a dia que tem ligação com a origem latina. Legado no âmbito de que é uma preocupação do grupo em não deixar que todas aquelas vivências sejam perdidas a partir do momento em que não estiverem mais ali. O longa-metragem chega aos cinemas marcando um novo movimento por maior diversidade não só nas histórias, mas em novos rostos com diferentes origens.
Por: Pedro Ribeiro
Imagens: Divulgação/Warner