Os impactos tecnológicos do ChatGPT
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O ChatGPT foi lançado no final de novembro, e com apenas 2 meses no ar já tinha conquistado a marca de 100 milhões de usuários mensais. A OpenAI, empresa sem fins lucrativos responsável pelo desenvolvimento do chatbot, foi fundada em 2015 por Elon Musk e Sam Altman. Desde então, receberam bilhões em investimentos de diversas empresas, e fizeram avanços significativos na criação de inteligências artificiais.
O termo GPT significa “Generative Pre-trained Transformer”, ou seja, é uma inteligência artificial criada para processar grandes quantidades de dados e desenvolver uma conversa com o usuário. Seu desenvolvimento foi pautado em redes neurais e ‘machine learning’, o aprendizado de máquinas. A fim de responder perguntas que lhe fossem endereçadas, a ferramenta não foi desenvolvida para automatizar tarefas diárias. É um chat mais inteligente, capaz de dar respostas mais criativas e elaborar textos a partir de alguma contextualização.
Por mais que o ChatGPT a tenha popularizado, ele não é o único projeto “GPT” da empresa. A OpenAI vem lançando projetos como esse desde 2018, e o mais recente deles é o GPT-4, lançado mês passado, e que promete ser uma versão melhorada da que temos hoje. Além do que já estamos acostumados a ver no seu predecessor, o novo chatbot é capaz de lidar com quantidades consideravelmente maiores de dados, e ainda consegue gerar saídas de texto após receber imagens.
Ferramentas como o Google e o Bing têm aplicado várias formas de inteligência artificial em suas áreas de busca, devido a um maior alcance do novo dispositivo. Em fevereiro deste ano, o Google lançou o Bard, um possível concorrente do ChatGPT. O chatbot da bigtech ganhou versões de teste em março nos Estados Unidos e Reino Unido, mas sem previsão de lançamento em outros países. O software funciona com a inteligência LMDA (sigla para “Modelo de linguagem para aplicações e diálogos”). André Sih, sócio da empresa Fu2re Smart Solutions, afirma que mesmo havendo uma supremacia do site Google, existe uma ameaça às formas de pesquisa que conhecemos atualmente.
Preocupações em torno do futuro de algumas profissões que se utilizam do processamento de dados e informações já são notadas, visto que se tem utilizado frequentemente o ChatGPT com este objetivo. No entanto, para André, é natural que haja uma mudança na forma de atuação destas ocupações. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, suas missões são transformadas. “Muito tem se falado sobre algumas profissões deixarem de existir, como o jornalismo, o magistério, principalmente profissões que se baseiam em você fazer algum tipo de pesquisa, uma análise em cima de dados, mercado, linguagens, e processar, extrair o conhecimento dessa análise. O ChatGPT tem uma atuação limitada, então tem várias habilidades humanas que ele não consegue reproduzir ou fazer. Então tá muito longe, na minha visão, do ChatGPT extinguir essas profissões e muitas outras”.
Já para Luiz Castelloes, Gerente de Projetos de TI da Claro, o futuro é incerto. Ele afirma que há de se aguardar os resultados dos impactos na adoção desse tipo de tecnologia em redações. Acredita que profissionais de comunicação, como jornalismo e até professores terão um papel maior como coadjuvantes. Acrescenta, ainda, que algumas empresas vêm implementando o chatbot para testes. “Sites de notícia internacionais, como o CNET, fizeram experiências utilizando chatbots para escrever textos sobre relatórios financeiros, e o resultado foi a publicação de textos com imprecisões, o que pegou mal para a empresa. Por outro lado, o BuzzFeed anunciou a demissão de redatores, e informou que utilizará mais o Chat GPT para criar conteúdos baseados em listas ou testes, e a resposta do público à mudança não foi positiva”, conclui Luiz.
O uso do ChatGPT na educação tem despertado interesse entre os professores, que veem na tecnologia uma oportunidade de inovar no processo de ensino e aprendizagem. Felipe Moraes, aluno da ESPM, afirmou ser usuário do ChatGPT. e alega que conheceu a ferramenta na internet, através de podcasters e influenciadores, e que em geral usa para matérias de linguagem, seja escrita ou códigos.
A forma de atuação dos professores hoje poderá passar de transmissor de conhecimento para um incentivador de debates. Também poderá ser uma ferramenta que auxiliará na produção de conteúdo para EADs e correção de provas, além da automação em alguns conteúdos repetitivos de aprendizagem. No geral, poderão sofrer modificações positivas, desde que a comunidade educacional saiba se aproximar do entendimento do que a ferramenta pode fazer em benefício aos educadores e alunos.
Não é possível prever os limites do potencial da inteligência artificial, e algumas delas são arquitetadas com o objetivo de auto-aprendizagem. O próprio ChatGPT foi criado com o intuito de aprender, através dos seus algoritmos, com os dados fornecidos pelos usuários. Com isso, ele desenvolve suas habilidades de compreensão e de linguagem, a fim de melhorar sua competência na principal função atribuída a ele: fornecer respostas informativas e nos ajudar em quase todos os assuntos, de forma natural e semelhante à humana.
Reportagem: Agnes Todesco, Bruno Giovanni e Maria Fernanda Buczynski
Supervisão: Lorenna Medeiros e Maria Eduarda Martinez