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O poder dos movimentos estudantis

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Os movimentos estudantis se consolidaram, no século 18, como uma forma de mobilização que questiona o poder público. Atualmente, a luta por investimentos na educação é um fortalecedor no crescimento das últimas manifestações. Os estudantes, como atores fundamentais, participaram ao longo da história com reivindicações que são específicas de sua conjuntura histórica, mas que de modo geral, caracteriza-se na luta pela melhoria do país.

“Em cada conjuntura histórica, os movimentos estudantis se organizam por pautas que são reflexos dos processos históricos nos quais estão inseridos”, afirma a professora Mayra Poubel, graduada em História, Ciências Sociais e mestrado em Sociologia e Antropologia. A historiografia é marcada por diversos exemplos da ação dos jovens em momentos cruciais para o Brasil. Bem como, na Inconfidência Mineira e na contestação dos impostos cobrados pela Corte Portuguesa aos exploradores de ouro, no Brasil Colônia. Assim como nas reivindicações educacionais e manifestações de protesto político contra o governo militar durante a ditadura. Como, no surgimento do movimento “Caras Pintadas” em 1992, a favor do impeachment do ex-presidente Fernando Collor.

“Os movimentos estudantis revelam quais são as reivindicações mais imediatas e capazes de mobilizar uma geração em processo de construção de conscientização política”, diz a professora. E por causa disto, eles possuem um papel fundamental para a formação do indivíduo enquanto agente social e na criação de bases sólidas de participação cidadã.

Por isso, o professor de sociologia de 60 anos, Rogério Duarte, incentiva e apoia os movimentos estudantis de dentro da sala de aula. O objetivo dele é ensinar os seus alunos, desde cedo, a terem mais consciência sobre o que está acontecendo no país. “Os resultados da participação influenciam em toda a sociedade e em todo o Brasil que está se construindo”.

O estudante Alexandre Borges, 20 anos, cursa letras na UFRJ e faz parte do centro acadêmico da universidade, como um membro da coordenação de comunicação e finanças. Além disto, Borges possui uma cadeira na Congregação da faculdade. A Congregação, é um fórum de debate sobre os diversos assuntos que envolvem os estudantes, e nele está presente a direção, professores, técnicos e representantes estudantis.

A função dos movimentos estudantis, segundo ele, é organizar os estudantes em defesa da educação e de modo geral na luta pelos seus direitos. Além disto, os alunos também debatem para entender os riscos que a falta de investimentos na educação acarretam no Brasil, visando também buscar soluções para mudar o seu trágico rumo.  Mas para isto, a organização dos estudantes é essencial para os objetivos de fato serem atingidos. Pois além, de terem uma capacidade de alcançar muitas pessoas, eles trazem também novos assuntos para debate.

A historiadora Poubel ressalta também a importância de definir bem as pautas dos movimentos no intuito de não gerar consequências inesperadas “Atualmente as pessoas estão mais preocupadas em ter razão do que ter argumentos” diz ela. Desta forma, os movimentos não devem apenas apontar para as críticas, mas mostrar também as estratégias para a resolução do problema. “E para isto, é necessário estudo e aprofundamento em casos anteriores, visando apresentar argumentos sólidos.”

A professora, Maria Angela Fernandes de 49 anos, dá aula em escolas públicas e diz “Os movimentos estudantis me revigoram na luta, e por isto eu já participei de vários, como o Secundarista e o Universitário quando eu era mais nova”.  A única diferença agora, é que ela os frequenta desempenhando o papel de educadora e por isto sua força é sempre alimentada para defender o futuro da educação.

O professor Claudio Severino, 44 anos, professor de geografia ainda relembra que independente da carreira escolhida, os jovens precisam se informar politicamente durante as suas graduações. E assim como ele, a estudante de agronomia, Ariana Dário, 20 anos, compartilha do mesmo pensamento. Para ela, os movimentos são importantes porque é neles que recai a responsabilidade de como será o futuro. “Se a gente não fizer nada, ninguém vai fazer nada por nós.”  Dessa forma, além da formação de um olhar crítico sobre a sociedade, os movimentos podem ser a mola propulsora de mudanças e garantias de direitos, diz Mayra Poubel.

Pela mesma razão, Mayra complementa ao dizer que é necessário ter o conhecimento de que os movimentos estudantis sempre serão políticos, o que não significa ser partidário. Pois, de acordo com a estudante, cada cidadão separado de suas ideologias e visões de mundo, age sempre politicamente. “Somos seres políticos. Fazemos escolhas, alianças e ações o tempo todo. Nossa ação impacta o outro. E isso é política”.

Reportagem por: Bárbara Canela e Giovanna Villas-Bôas

 

 

 

 

 

 

 

 

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