Criatividade no meio acadêmico: I Congresso Ibero-americano Interdisciplinar de Economia Criativa
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Economia criativa é uma forma de elaborar um serviço ou um produto com um valor simbólico e cultural, servindo como gancho para o desenvolvimento social e econômico. O principal objetivo desse setor é originar um contato entre artistas e empresários que consigam potencializar o seu crescimento. Essa indústria vai desde a literatura até o audiovisual e, além de estimular a geração de renda e empregos, fortalecendo o mercado local, ela também promove a diversidade de uma maneira inclusiva.
Nesta semana, do dia 16 até 19 de novembro, a ESPM-Rio realizará o I Congresso Ibero-americano Interdisciplinar de Economia Criativa (I CIIEC). Em formato online, o evento irá reunir pesquisadores interessados na discussão sobre a importância do tema no mundo contemporâneo. As atividades propostas na programação buscam valorizar a amplitude e a interdisciplinaridade do campo da economia criativa, além de problematizar a sua relação com os modelos de desenvolvimento, uma vez que se baseia na criatividade, um recurso inesgotável que é potencializado pela cultura local. Assim, o congresso visa fomentar o debate acadêmico e científico qualificado acerca da área, e também, criar espaços de aprendizado e de interlocução entre pesquisadores de diversas áreas e matrizes teóricas.
Isabella Perrotta, membra do comitê organizador do evento, explica que a iniciativa da ESPM é extremamente importante pois é o primeiro evento desse tipo no Brasil. Segundo ela, está sendo construída uma rede Ibero-americana de economia criativa. ‘’É uma rede com professores de alguns cursos relativamente parecidos com os nossos. Cursos de indústria criativa e de economia criativa. Isso no Brasil, na América Latina e em Portugal’’, conta.
Ela ainda explica que a economia criativa é uma área que começou a ser entendida como um campo específico apenas a partir dessa contemporaneidade pós-industrial, diferentemente da ideia de que somente produto e indústria são fomentadores de cultura, geram emprego, produção e desenvolvimento econômico. ‘’A partir da década de 1990, através de políticas governamentais, no Reino Unido e na Austrália começaram a perceber que esses projetos ligados à criatividade geram emprego e desenvolvimento, e logo, movimentam a economia’’, afirmou.
De acordo com João Luiz Figueiredo, presidente da comissão organizadora do I CIIEC e coordenador do mestrado profissional em Gestão da Economia Criativa, hoje o impacto é muito maior, principalmente no Brasil. “No século XXI, essas atividades focadas na criação são as que mais conduzem o desenvolvimento econômico das metrópoles, como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre”. Além disso, ele acredita que não é possível apenas observar a economia criativa como atividade econômica. “É fundamental que tenhamos uma abordagem interdisciplinar mobilizando conhecimentos da economia da administração, do design, da história, da sociologia e de outras áreas de conhecimento para que possamos compreender a força da economia criativa e também os caminhos para o seu fortalecimento”, completa.
Lucia Santa Cruz, professora da ESPM-Rio e também membra do comitê organizador, diz enxergar o congresso como uma oportunidade para consolidar o campo da economia criativa, que ainda é considerado muito recente, principalmente no Brasil. Ela também conta que será um evento muito interessante, visto que vai reunir pesquisadores do Brasil e de outros países da língua espanhola e língua portuguesa. “Isso permite que a gente tenha uma visão ampliada. Não só uma visão do Brasil, mas uma visão de outros países sobre os estudos em torno da economia criativa”.
Além disso, a professora irá fazer parte da mesa sobre “Gestão, empreendedorismo e economia criativa” no dia 18. Ela revela esperar que os palestrantes comentem sobre o desafio de integrar as instituições de ensino e os equipamentos de cultura com o mercado e com a sociedade. “E como a inovação permeia todas essas esferas e como ela, ao mesmo tempo, é estimulada por esse intercâmbio e essa integração”, adiciona.
Reportagem: Alberto Gazhale, Eloah Almeida, Francisco Ferreira, João Pedro Abdo, Joaquim Werneck, Juliana Ribeiro e Leo Garfinkel
Supervisão: Carolina Mie e Patrick Garrido