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A importância de São Januário para a barreira do Vasco

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São Januário, São Cristóvão, Zona Norte do Rio de Janeiro. Para algumas pessoas pode ser apenas mais um estádio de futebol, porém, o local se transforma em dias de jogos. O principal ponto de encontro da torcida é em frente ao setor social, lá ocorre samba pré-jogo, churrasco, festa e segurança para os torcedores. O clima é o mesmo, não importa se o jogo é contra o líder ou contra o lanterna do campeonato. 

O lugar ainda funciona como fonte de renda para os moradores da Barreira do Vasco, comunidade de 20 mil habitantes que se localiza no entorno do estádio. Com partidas no local, um grande número de pessoas é atraído para a região e alguns moradores aproveitam para comercializar produtos para os torcedores ou então trabalham dentro do estádio.

Além disso, o próprio clube realiza ações para os habitantes, como é o caso da parceria entre o Vasco, a instituição Só Cria de Educação Popular e a Associação de Moradores da Barreira do Vasco. Juntos eles deram prosseguimento ao pré-vestibular que é voltado para os vestibulares do ENEM e da UERJ. O clube disponibilizou o espaço do Colégio Vasco da Gama, situado dentro do próprio complexo de São Januário, para que os jovens continuem estudando para as provas.

Para Ruann Lima, setorista do Vasco pelo Canal do Pedrosa, essa relação é única: “A relação entre a comunidade e o clube é muito particular. Eu sou da Paraíba e vim morar aqui para trabalhar com jornalismo e não sabia que era uma relação tão particular assim. E eu falo isso não só por dias de jogos, não só por aquilo que acontece de forma mais escancarada, de forma mais explícita. Existe muito esse laço de identidade, de onde você está pisando e de interagir com aquele local da melhor forma possível, então isso passa institucionalmente pelo clube ou também pela torcida.”

Interdição do estádio

Após a partida contra o Goiás, no dia 22 de junho de 2023, torcedores do Vasco entraram em confronto com a polícia e o clube precisou fechar os portões de São Januário por decisão do Ministério Público do Rio de Janeiro. Essa ação do MP veio com uma  justificativa que revoltou a totalidade da torcida vascaína. O estádio só voltou a ter público no dia 21 de setembro, quase 3 meses depois do fechamento.

Raiane Leal, ambulante e moradora da Barreira do Vasco, tem como única fonte de renda vender bebidas no entorno de São Januário em dias de jogo e contou um pouco como isso atrapalhou alguns moradores do local: “Tem muita gente que está desempregada, o desemprego é muito grande no Rio de Janeiro, e muita gente que tem filho pequeno consegue tirar um sustento daqui. Agora se tirar o jogo daqui, tem gente que não tem onde tirar dinheiro.”

Isso se confirma em um estudo feito pela Prefeitura do Rio de Janeiro, onde é citado que houve uma queda de 60% na receita mensal de comerciantes da região durante esse período. Além disso, a Associação de Moradores da Barreira do Vasco disse que cerca de 18 mil pessoas foram afetadas, direta ou indiretamente, pela interdição.

Segundo Wesley Curty, influencer e torcedor do Vasco, a torcida teve um papel muito importante para ajudar essas pessoas: “No jogo contra o Bahia, que foi em Salvador, a torcida se reuniu toda em frente a São Januário, os ambulantes venderam, a galera da Barreira estava ali para assistir o jogo do telão, então foi uma resposta grandiosa da torcida.” 

Reforma de São Januário

O clube já está finalizando os acordos burocráticos para realizar a reforma do estádio e agora depende apenas da prefeitura do Rio para que o projeto saia do papel. Caso seja aprovado, São Januário terá sua capacidade ampliada de 21.880 pessoas para mais de 47 mil lugares.

Imagem do projeto da reforma do estádio

Segundo Ruann, isso deve mudar a relação dos torcedores com a Barreira: “Vai, provavelmente, dobrar a quantidade de pessoas. Isso consequentemente passa por um processo de urbanização para a chegada dos torcedores no estádio, para os arredores, quais são os bares que vão ficar abertos, quais vão ficar fechados, se aquilo ali vai ser mudado, se vai ter uma padronização. Então, com certeza vão haver mudanças, se vão ser positivas ou não, é uma análise que só pode ser feita no futuro.”

Além do aumento do número de lugares, o projeto conta com duas torres ao lado da fachada principal, que abrigariam o museu do clube, loja e restaurante, além de 1440 vagas de estacionamento. A proposta ainda inclui uma esplanada com acesso livre, o que beneficiaria a Barreira.

Reportagem: Heitor Leite

Supervisão: Joana Braga

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