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Política e as questões trabalhistas do Censo Demográfico 2022

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Desde agosto, o IBGE está indo às ruas para coletar informações para o Censo Demográfico de 2022. Uma parte dos recenseadores, que são os responsáveis por entrevistar e abordar os cidadãos, apontam salários atrasados e incondizentes com a quantidade de trabalho, além do descaso por parte do Instituto quando se trata do suporte aos trabalhadores, fornecendo poucas respostas às dúvidas de quem estava coletando informações.

O Censo Demográfico estava previsto para ser feito em 2020, entretanto, com a pandemia da Covid-19, ele foi adiado para este ano. Assim, a tensão devido à crise sanitária atrapalhou o andamento da pesquisa. Isso porque obtivemos mudanças consideráveis no âmbito nacional, ao comparar o período pré-pandemia com o que vivemos hoje, e o aumento das desigualdades e do desemprego são apenas algumas delas.

Por mais que, em tese, esse levantamento não esteja relacionado à política, as Eleições Gerais deste ano podem ter iniciado uma onda de desconfiança para com o Censo, o associando a um lado político. Essa descrença partidária influenciou diretamente nas pesquisas, já que muitos se recusaram a responder por não acreditar na veracidade dos institutos.

O estudante Fernando Amaral, que atuou como recenseador desde o início das pesquisas até o final de outubro, afirmou que muitos entrevistados estavam interessados no seu posicionamento político. “Era bem comum ver pessoas perguntando sobre minha posição política ou então vinculando a imagem do IBGE ao então candidato Lula”, disse Fernando.

Ainda que os entrevistados já tivessem receio da função do recenseador, uma grande parcela não entendia a situação com clareza. “Muitas pessoas não sabiam o que era o Censo ou o IBGE. Tudo isso dificultou muito o processo”, disse o estudante. Esta problemática influenciou diretamente na qualidade da pesquisa, uma vez que, para alguns, era um jogo político.

Com menos da metade dos agentes necessários em campo, o Censo, que seria encerrado no final de outubro, teve seus resultados adiados para o fim de dezembro justamente por esse motivo. A desvalorização da função de recenseador é evidente. “O órgão deixou toda a responsabilidade direto com o recenseador, gerando uma sobrecarga que não foi compensada por nossa remuneração. O IBGE forneceu uma calculadora para estimar os possíveis ganhos, mas esses valores estavam inflados, o rendimento real foi cerca de metade ou ainda menos”, completou Fernando.

Reportagem: Bruno Giovanni e Thiago Vivas

Supervisão: Clara Glitz

Imagem: Divulgação/IBGE

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