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Dia do policial: presença feminina na polícia militar

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Reportagem de Letícia Rivoli e Yasmim Ribeiro

A instituição da polícia militar existe desde 13 de maio de 1809, mas a comemoração nacional é realizada no dia 21 de abril, em homenagem a Tiradentes.  A profissão é predominantemente masculina e, embora exista há 209 anos, só a partir de 1982 foi permitida a entrada de mulheres. As policiais do gênero feminino, hoje, segundo pesquisa realizada pelo Instituto de Segurança Pública em 2016, representam 22,7% do efetivo que corresponde a 46.135 policiais no total, e já não se sentem mais subaproveitadas. Diferentemente do cenário de 2005 registrado em uma pesquisa de Bárbara M Soares e Leonarda Musumeci, no qual as condições apontadas eram  de que as policiais trabalhavam em áreas que reafirmavam estereótipos de gênero, não eram enviadas para áreas de combate junto aos homens, por exemplo, eram sub-aproveitadas e representavam 4,6% do efetivo dentro dos quartéis.

“Claro que ela vai ser testada, porque não é o comum, mas se ela provar que ela tem condições de estar no lugar que escolheu, ela vai ficar” contou uma cabo, de 33 anos, que não quis se identificar. Segundo outras policiais, hoje a mulher ocupa o lugar que quer ocupar na polícia. “Se ela quiser ir pra rua ela vai”, diz uma tenente, de 37 anos, que também não quis ser identificada.

 Apesar disso, ainda há diferenças em algumas atividades e abordagens dentro do ambiente profissional. A cabo diz que às vezes elas sentem que os policiais homens demonstram certas preocupações por elas serem mulheres. “Durante as operações, os homens sentem mais confiança entre eles, e tentam nos proteger”, relata ela.

Para o coordenador da operação Aterro Presente, o major Amandy Peres, não há distinção no tratamento. “Muitas mulheres possuem desempenho operacional acima de outros homens. Mulheres abrilhantam nossas atividades operacionais com sua presença e dedicação”, conta.

As policiais relatam que não há diferença no treinamento na corporação para mulheres e que não são menos capazes apenas por serem mulheres. “A cobrança é igual”, afirma a cabo. Essas divergências também não existem na hora da nomeação das patentes. “Eu sou mulher, sou vaidosa, mas na minha profissão eu sou capitão, não sou capitã. Ocupo um cargo que não tem gênero”, afirma a capitão Silvia, de 33 anos, que comanda a base da operação Centro Presente na Praça XV, no Centro do Rio.

Capitão Silvia passando as funções de cada policial, no início de seu turno./ Foto: Letícia Rivoli

Embora o treinamento seja igual para ambos os gêneros, a sociedade responde de forma desigual à abordagem feminina. “Por si só, nós mulheres, somos muito discriminadas e por sermos policiais sofremos mais preconceito, porque parece que a sociedade não acredita que somos capazes”, diz a tenente que integra o 5°Batalhão na Praça da Harmonia.

      Embora o preconceito esteja presente nas abordagens femininas, a Capitão Silvia diz que nunca teve suas ordens desrespeitadas pelos policiais de sua base por ser mulher. “Se existe esse melindre pessoal, eles guardam pra eles, o militarismo por si, exige respeito a essa hierarquia”. Ela relata que se sente até mais respeitada ao delegar funções e ao fazer alguma crítica profissional aos policiais, “eles me veem e pensam que poderia ser a mãe deles, a esposa deles”. Além disso, a policial diz que as qualidades femininas são bem aproveitadas na corporação: “trazemos  uma certa sensibilidade para o trabalho na rua, o que acaba deixando o serviço mais ameno.”

     O papel da mulher na atividade policial é muito importante para o major Peres. “Elas possuem elevada concentração no serviço, olhar detalhado e atento para o cenário operacional, alta capacidade comunicativa, o que as fazem excelente mediadoras de conflitos”, diz.

Mesmo com todas essas qualidades, as mulheres ainda não conquistaram alguns espaços na Polícia Militar. “A grande maioria da corporação é masculina, então é muito raro uma equipe composta apenas por mulheres” Por conta do número reduzido de mulheres dentro da PM, a maioria dos supervisores são homens. “Nós somos poucas, ainda”, relatam as policiais. “A gente está em um ambiente masculino e predominantemente machista, com o passar dos anos alguns tabus vão sendo quebrados, é muito jovem a presença da mulher, e a presença feminina tem aumentado”.

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