Uma nova forma de fazer jornalismo esportivo
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Com a constante evolução da tecnologia, principalmente após o início dos anos 2000, novas opções de acesso à informação ganham espaço no mundo da comunicação. Agora, além dos meios tradicionais, plataformas online, como o YouTube, também exercem a função de comunicar. Uma tendência recente são os canais de esporte, que investem numa nova maneira de fazer jornalismo esportivo. O “Desimpedidos.com”, por exemplo, foi criado nos últimos cinco anos e obteve maior visibilidade após a Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil. Hoje, o canal é uma verdadeira marca, possuindo mais de um bilhão de visualizações.
Segundo pesquisa realizada pela empresa Provokers, a cada dez horas em que os brasileiros passam assistindo vídeos, mais de quatro são online. Além disso, 42% da população brasileira tem o hábito de assisti-los na internet, sendo 40,5% no YouTube. Tal percentual deixa pra trás a TV por assinatura em questão de audiência, que é de apenas 37%. Hoje, as plataformas digitais são importantes ferramentas não só de lazer, mas de um vasto conteúdo informativo.
O “Gol Contra”, canal com cerca de 29 milhões de visualizações, é um exemplo. Para Pedro Tostes, um dos membros, a mudança de pensamento dos fãs e torcedores foi um fator importante para o crescimento dessas paginas: “eles pararam de acompanhar apenas comentaristas renomados e passaram a pensar no futebol com uma mentalidade própria”, explica. Gabriel Laterce, outro membro do canal, também opinou a respeito da conexão entre a mídia tradicional e os canais esportivos do Youtube: “Acho que finalmente os canais de TV estão abrindo a cabeça, vendo que a internet possui mil possibilidades”. O youtuber ressalta ainda que as forças devem ser unidas, já que buscam um mesmo objetivo, que é informar e entreter as pessoas.
Em decorrência disso, canais esportivos de televisão passaram a pensar em estratégias para se modernizarem e se inserirem neste novo cenário. Um exemplo são as parcerias feitas com canais do YouTube. A Fox Sports fez uma parceria com o canal “Porta do Fundos”, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, e o Sportv com o “Falha de Cobertura”, nos Jogos Olímpicos de Inverno. Essa junção de forças vem sendo a nova cara da mídia esportiva. Para o comentarista dos canais Sportv, Rodrigo Alves, a ascensão da mídia digital é um fenômeno que não pode ser ignorado. “São várias pessoas, jornalistas ou não, produzindo conteúdo. Não vejo como fazer uma transmissão ao vivo, sem estar ligado ao que está sendo produzido nas redes sociais”, explica.
Além disso, há ainda canais de televisão que passaram a produzir conteúdo exclusivo para o YouTube. Pedro Certezas, integrante do canal “De Sola”, criado pelo Esporte Interativo, conta como surgiu essa ideia. “Nós éramos da equipe do Facebook, em que fazíamos tempo real dos jogos e algumas brincadeiras. Então, nos deram a ideia de fazer um vídeo, daí surgiu o “De Sola”. ” Ele acrescenta que, ao chegarem no YouTube, mesmo já havendo programas com o mesmo tema, o conteúdo se destacou. Logo, a emissora decidiu criar um canal próprio para o programa, administrado por ela.
Esta nova forma de se fazer e pensar esporte surge como um desafio para os canais televisivos, uma vez que sempre mostraram seu conteúdo de forma tradicional. No entanto, visando fugir do padrão, alguns canais resolveram arriscar. Para Gabriel Zani, outro integrante do “Gol Contra”, a iniciativa do Esporte Interativo de levar seu conteúdo para o YouTube foi certeira: “As mídias alternativas estão chegando para quebrar esse paradigma, já que na internet as pessoas podem escolher o que assistir”. Por conta disso, Zani acredita que outras emissoras devam seguir o mesmo caminho, resultando no aumento no número de parcerias entre canais televisivos e do YouTube.
Dessa forma, por mais que essa nova maneira de se fazer jornalismo ainda não seja uma unanimidade, a aceitação em relação ao crescimento das páginas esportivas não só vem aumentando, mas também indica que o futuro reserva um grande espaço para essas mídias. Rodrigo, do SporTV, se mostrou otimista: “A tendência é que essa relação aumente daqui em diante, é impossível recuar”.
Reportagem de Davi Barbosa, Lucas Vieira Pires e Yuri Murta