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A troca de técnicos no futebol brasileiro

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O Campeonato Brasileiro passará a limitar a troca de técnicos a partir da temporada de 2021. A nova regra, que será válida para as séries A, B e C, foi proposta pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e colocada em votação entre os clubes que participam do Campeonato. Por meio da decisão, ficou determinado que cada time poderá ter apenas dois treinadores e, além disso, cada treinador poderá comandar apenas duas equipes no decorrer do campeonato. 

No entanto, a regra deixa em aberto duas brechas: a primeira se dá no fato de que se for o treinador do time a pedir demissão, ela não será contabilizada. Já que, de acordo com o texto publicado pela CBF, “demissões por justa causa, por iniciativa do clube ou rescisão por mútuo acordo não serão computadas”. A segunda é que, caso o clube precise fazer as duas modificações, o técnico que irá assumir precisa ter trabalhado dentro da instituição por no mínimo 6 meses.

Resultados ruins se tornaram sinônimo para demissões rápidas no futebol brasileiro. Antes mesmo do início do brasileirão, o técnico Jair Ventura foi demitido de seu cargo no Sport após uma série de resultados ruins que levaram o clube a ser desclassificado da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil. Com essa decisão, o clube se precaveu da nova medida da CBF, evitando assim uma perda tática e esportiva para o Sport nesta temporada de 2021. Já na temporada passada os três últimos colocados do Campeonato Brasileiro tiveram 4 técnicos em seus comandos, tendo cada profissional uma média menor que dois meses de trabalho. As demissões, muitas das vezes, acontecem por conta de uma pressão por uma resposta rápida para a torcida.

Para Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, um dos clubes que votaram a favor da regra, a limitação imposta, decidida em colegiado, possui a mesma natureza desportiva existente na limitação de troca de jogadores de um clube para o outro. “Entendo que um treinador que passa por três ou quatro clubes no mesmo campeonato causa desequilíbrio competitivo assim como a regra já proíbe o troca-troca de atletas”, afirma Mário. Além disso, o presidente do clube ainda completa apontando que essa nova regra pode ser vista como inovadora e uma experiência a ser testada.

A rotatividade dos treinadores no Brasil é muito grande, sendo Renato Gaúcho o técnico mais longevo de sua geração, com mais de quatro anos em seu cargo no Grêmio, superando Muricy Ramalho, com um pouco mais de três anos. Em contrapartida, os técnicos europeus costumam ficar no comando dos times por um período maior, como Sir Alex Ferguson, lendário treinador do Manchester United, que ficou no seu cargo por 27 anos e, atualmente, Stéphane Moulin, técnico do Angers, com 9 anos e  8 meses no clube francês. 

Embora o Grêmio tenha o treinador mais duradouro da América do Sul, a diretoria votou contra a adesão da regra que limita a troca de técnicos no Campeonato Brasileiro. Em entrevista para o Portal GZH, o presidente Romildo Bolzan explicou o posicionamento do clube: “Entendo ser esta uma questão não regulatória, mas corporativa e de clara interferência na soberania dos clubes em suas gestões”.

Uma estatística que exemplifica bem o alto número de mudanças de técnicos no futebol brasileiro é a quantidade de alterações no último campeonato nacional em comparação a campeonatos de primeiro patamar da Europa. Enquanto o Brasil teve 28 trocas, o campeonato espanhol teve 12, o alemão 11 e o inglês apenas 10. Isso mostra a diferença do nível de estabilidade que os treinadores têm em cada campeonato.  

Apesar de algumas passagens recentes, como a de Mano Menezes (3 anos) e Marcelo Oliveira (2 anos e 6 meses) pelo Cruzeiro e a de Abel Braga (2 anos) pelo Fluminense terem aumentado a média de tempo de trabalho dos treinadores nos clubes, o Brasil está longe da realidade europeia. A Espanha, por exemplo, possui em seu campeonato 4 entre os 15 técnicos mais longevos do mundo atualmente, tendo como destaque Diego Simeone, treinador do Atlético de Madri com mais de 9 anos de trabalho.

Equipe: Arthur Vilela | Beatriz Chagas | Beatriz Lucas | Brenda Barros | Guilherme Rezende | Isabela Garz | João Manoel Morais | Mateus Rizzo | Paola Burlamaqui 

Infográfico: Gustavo Vieira | João Pedro Fonseca 

Supervisão: Bruna Barros | Pedro Cardoso 

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