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A nova onda de remakes e reboots no mercado cinematográfico

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Cerca de 100 remakes ou reboots foram anunciados, estão em produção ou com estreia programada, de acordo com o site Internet Movie Database (IMDb). No mês de abril, o anúncio do live-action de Moana, filme cuja versão animada original foi lançada há apenas 7 anos, dividiu a opinião de fãs e especialistas, que questionaram a necessidade de adaptação de uma produção tão recente. Além disso, somente nas últimas semanas foram confirmados os reboots das franquias de sucesso Harry Potter e Crepúsculo, que irão ser adaptadas para um novo formato televisivo. 

No dia 12 de abril, a Warner confirmou um reboot de Harry Potter para o streaming MAX. Cada temporada da série vai contar a história de um dos livros originais, com um novo elenco, e a autora J.K Rowling irá participar da produção como produtora executiva. Além da escritora, ainda não foi divulgada a data de lançamento e nem a equipe. O envolvimento de Rowling gerou revolta entre fãs, já que ela já se envolveu em diversas polêmicas por declarações transfóbicas.

Além do universo de Hogwarts, de acordo com o site The Hollywood Reporter, a saga de livros Crepúsculo vai ganhar uma nova adaptação televisiva. A série está em desenvolvimento inicial pela Lionsgate, detentora dos direitos da obra, e ainda não tem uma plataforma definida e nem roteirista escolhido. Existe a expectativa sobre a participação de Stephenie Meyer, autora da saga, na produção da série.   

Os novos anúncios evidenciam que, apesar do resgate de histórias já ser uma estratégia explorada pelo mercado há alguns anos, a tendência vem ganhando cada vez mais espaço nas produções cinematográficas. A estudante de cinema Mariana Rodrigues acredita que os últimos remakes e reboots anunciados são fruto de uma cultura da nostalgia, sentimento que vêm sendo explorado tanto pela indústria da moda, com o retorno da estética dos anos 2000, quanto pela indústria cinematográfica através das adaptações de filmes. 

No entanto, as novas adaptações estão dividindo a opinião do público, muitos acreditam que esses remakes não trazem nenhuma inovação nas histórias e são mais do mesmo. O crítico de cinema, pesquisador e professor da ESPM, Pedro Butcher, falou que os remakes fazem parte da história do cinema. “Existem várias versões de filmes que são populares e foram adaptadas diversas vezes, como por exemplo: Conde de Monte Cristo, Frankstein e Drácula de Bram Stoker que conta com muitas versões.” – afirmou.

A aposta em remakes e reboots surge como uma alternativa para as indústrias lucrarem ainda mais com produções já consagradas. Butcher, comentou que essas produções são uma forma dos produtores se protegerem recorrendo a assuntos já conhecidos pelo público e que já tem sua força narrativa confirmada. “É um indício de uma tendência conservadora da indústria. Mostra um certo medo da inovação em filmes com investimentos altos que podem ter pouco ou nenhum retorno financeiro.”

Um exemplo disso é o remake em live-action de Rei Leão, lançado em 2019, que faturou cerca de 1,6 bilhão de dólares, gerando um lucro de 580 milhões de dólares, sendo a adaptação mais rentável da Disney. O longa ultrapassou o live-action de A Bela e a Fera, de 2016, que havia faturado 1,2 bilhão de dólares. 

Dessa forma, muitos fãs olham com preocupação as tendências da indústria cinematográfica e temem se tratar de uma crise criativa. Bernardo Bruno, estudante de jornalismo e organizador do Cinerama Cineclube da UFRJ, acredita que a originalidade de uma obra não depende dela ser ou não parte de uma franquia ou história conhecida: ”Sempre houveram remakes e reboots e sempre vão ter, o problema é quando a única motivação para fazer um remake é comercial. Grandes cineastas já escolheram fazer remakes porque tinham ideias originais e inovadoras com franquias já existentes” 

A lucratividade das continuações de franquias consolidadas é reconhecida pelo coordenador do Cineclube da ESPM-Rio, Felipe Vellasco. No entanto, o estudante afirma que, apesar das maiores bilheterias dos últimos 5 a 10 anos terem sido marcadas pelas continuações de franquias consolidadas, como Star Wars, Jurassic Park e 007, remakes de filmes infantis, como Cinderela e Cruella, e adaptações de quadrinhos de super-heróis, a indústria ainda têm momentos de originalidade. “Sim, faz anos que não vemos um filme como Tubarão, E.T. ou De Volta Para O Futuro. Um grande blockbuster que marca uma geração o qual não pertence a nenhuma franquia ou propriedade intelectual grande. Porém estamos caminhando para uma boa direção com grandes hits de crítica e bilheteria como Tudo Em Todo  Lugar Ao Mesmo Tempo.”

 

Reportagem: Arthur de Castro, João Scistowicz e Maria Eduarda Reis

Supervisão: Heitor Leite e Júlia Vianna

 

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