Os impactos do novo Terminal Gentileza
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Em obras desde julho de 2022, o Terminal Intermodal Gentileza está em construção na Região Portuária do Rio de Janeiro e ocupará o antigo terreno do Gasômetro, próximo a São Cristóvão e à Rodoviária Novo Rio. Nomeado em homenagem ao Profeta Gentileza, pregador urbano responsável pelas obras que ocupam as pilastras do viaduto acima, o Terminal promete integrar o BRT Transbrasil com 22 linhas de ônibus municipais e com as linhas 1 e 2 do VLT, em um espaço de 25.000m², até dezembro de 2023.
O empreendimento permitirá que os passageiros se desloquem por diferentes meios de transporte com mais facilidade. A partir da incorporação dos veículos modais, será possível acessar não só as regiões da Zona Sul e da Tijuca por meio dos ônibus, mas também circular com o VLT pelos destinos do Centro da cidade. Assim, com o sistema de integração dos transportes, o bilhete único facilitará o acesso das pessoas ao terminal.
Como ponto de chegada do BRT Transbrasil ao Rio de Janeiro, que partirá de Deodoro e terá como última estação o Terminal Gentileza ao invés da Central do Brasil, a construção deverá atender a cerca de 130 mil pessoas por dia ao comportar 30 ônibus municipais, 95 ônibus do BRT e 21 composições do VLT. No entanto, a ação promovida pela Prefeitura do Rio tem dividido as opiniões dos moradores que, apesar de reconhecerem seus futuros benefícios, temem o aumento do congestionamento das vias e sofrem com as obras.
Em maio do ano passado, o prefeito Eduardo Paes caracterizou o projeto como um legado olímpico, devido à reutilização do sistema de aço da galeria técnica do Centro Internacional de Transmissão (IBC) da Rio 2016, construído em estruturas temporárias sob o conceito de arquitetura “nômade”. Com o reaproveitamento de cerca de 50% do material do IBC, a medida de economia circular irá gerar uma redução de R$22 milhões para os cofres públicos, além de contribuir para a preservação de recursos naturais.
O projeto do Terminal também visa promover a reintegração do Centro da cidade. Abandonada desde o boom de crescimento proporcionado pelo Porto Maravilha, a região sofre com a falta de novos investimentos, motivada pelo alto número de imóveis vazios, pela insegurança das ruas e pela precariedade dos patrimônios históricos.
Nessa questão, Sulamita Bento Vieira, moradora do Centro há 44 anos e comerciante em frente à Rodoviária Novo Rio, destaca os pontos positivos do Terminal Gentileza. Segundo Sulamita, as obras não interferiram em sua rotina e as melhorias na rede de transporte serão um atrativo para a abertura de empresas e imóveis na área, o que aumentará o fluxo de clientes da sua barraquinha.
Contudo, é preciso ressaltar que a nova localização da estação final do BRT Transbrasil será mais distante dos centros empresariais, o que afetará diretamente a rotina dos passageiros. Por conta da proximidade à Novo Rio, estes estarão restritos a veículos de menor capacidade, como o VLT que, com um sistema de direção que se encerra na Cinelândia, impossibilita uma viagem direta aos destinos entre a Zona Norte e a Zona Sul.
Além disso, o fechamento das vias próximas à rodoviária para a construção do projeto tem agravado o congestionamento. Em vista do intenso fluxo diário de veículos pela área, como na Avenida Brasil, Felipe Souza, que trabalha em um dos restaurantes da Rodoviária Novo Rio, afirma estar passando por uma experiência exaustiva desde o começo das obras. O jovem, sabendo que o percurso aumenta em duas horas, precisa sair do Complexo da Maré de madrugada para chegar no horário habitual em seu expediente.
Os taxistas que operam ao lado da rodoviária também comentaram sobre os impactos da reforma no serviço. Para eles, o engarrafamento gerado pela Avenida Brasil e pelos transportes que vêm da Zona Sul em direção a ponte atrapalham diariamente o deslocamento de seus passageiros. Dessa forma, visto que a localização escolhida para o Terminal Gentileza já é considerada congestionada, trabalhadores e moradores da região esperam que, após a finalização das obras, o engarrafamento seja amenizado.
Reportagem: Joana Braga e Maria Eduarda Reis
Supervisão: Clara Glitz e Gabriel Rechenioti