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As universidades do Rio no combate ao Coronavírus

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Por conta da Covid-19, muitas instituições de ensino estão passando por um momento de discussão sobre o seu sistema de aprendizagem. Um grande exemplo disso são as faculdades particulares que, em sua maioria, continuam dando aulas via EAD. Porém, enquanto as privadas mantém suas atividades via ensino distância, muitas das públicas não contam com o mesmo nível de estrutura para estabelecer um sistema online, e estão com as aulas suspensas. Com isso, professores, funcionários e alunos têm se juntado em projetos voluntários, que visam ajudar pessoas, hospitais e estabelecimentos ao redor das universidades.

Esse é o caso da Universidade Federal Fluminense (UFF), situada em Niterói, que está tentando ajudar a sociedade durante a pandemia. Eles criaram o projeto FACESHIELD-UFF, onde são produzidas máscaras protetoras, voltadas para os profissionais da saúde. A fabricação delas é feita através de equipamentos modernos, como máquinas 3D, e mão de obra voluntária.

Faceshields produzidas pela UFF.                                                                                                                         

O movimento voluntário FACESHIELD-UFF se baseou em um projeto da empresa tcheca Prusa e recebeu ajuda por meio de doações de empresas e voluntários para que se conseguisse comprar as máquinas necessárias. O projeto já entregou mais de mil máscaras e possui cerca de 160 instituições inscritas.

 

As máscaras são feitas a partir de protótipos de uma impressora 3D. Logo depois, um corte de Pet Gel acetato é feito através de uma máquina a laser, sendo colocado na frente da acessório; então, ocorre a execução de furos em elásticos para que se consiga prender a proteção à cabeça. Por fim, juntam-se os componentes para a formação das faceshield. Essas máscaras conseguem impedir o contato dos profissionais da saúde com fluxos de ar dos contaminados, dando a eles uma maior proteção. 

O professor de engenharia de recursos hídricos da UFF e um dos responsáveis pelo projeto, Márcio Cataldi. “Quando vi a oportunidade de poder ajudar, na mesma hora me movimentei”. Porém no início da pandemia o professor sentiu de mãos atadas por ser da área tecnológica e não saber como ajudar, mas quando soube da iniciativa não perdeu tempo e foi colaborar. “Eu e os demais voluntários sabemos que estamos nos expondo a riscos, mas temos que acreditar que fazemos isso por um bem maior. Não dá pra ficar parado vendo as coisas acontecerem”.

De acordo com ele, a iniciativa conta com cerca de 30 voluntários trabalhando por dia na produção das máscaras e possui mais de 600 cadastrados. Existem algumas exigências para participar do projeto: o voluntário não pode ser uma pessoa de risco ou ter uma em casa, além de não poder usar de transporte público para ir até a UFF. ‘’Tem muita gente na ânsia de querer ajudar que tenta dar uma enganada na gente.’’

Márcio contou que no início, a produção diária das faceshields girava em torno de 30 a 40 e agora já são feitas em média de 80 a 90 por dia. Ele explica que há uma equipe de logística responsável pelo cadastro dos hospitais que entram em contato por Whatsapp ou e-mail e buscam as máscaras na UFF.

Outro voluntário é Matheus Couto, de 18 anos, que entrou no projeto motivado por sua mãe, que já era participante. O estudante, que confecciona as máscaras e ajuda na distribuição delas, explicou o funcionamento dos horários entre os voluntários.  ‘’A frequência e a rotina são diferentes entres os voluntários, de acordo com a disponibilidade de cada um. Eu vou todos os dias, pois moro perto, chego 13:00 e saio 20:00”. Matheus acha fundamental o papel do jovem na atuação contra a pandemia. ‘’O jovem é o futuro, então ajudar desde cedo é muito bom para aprender e ter noção de como agir diante de uma situação como essa, caso aconteça algo parecido de novo.’’

Além da UFF, outra instituição que está se movimentando para contribuir durante a pandemia utilizando a ciência é a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O projeto de produção e distribuição de álcool em gel 70% já distribuiu mais de 10 mil litros, atendendo a demanda da comunidade universitária. Além disso, tem distribuído para, hospitais, corpos de bombeiros, orfanatos, asilos, dentre outras entidades. 

Embalagens de Álcool 70. Foto do arquivo do Rural 70, retirada do Portal UFRRJ.

O trabalho voluntário do “Rural 70”, como é denominado, é liderado por professores e servidores do Instituto de Química da UFRRJ e está funcionando desde o dia 23 de março. A iniciativa atende quase toda a rede hospitalar da Baixada Fluminense, chegando a beneficiar 10 redes hospitalares. Segundo o Portal de Comunicação da UFRRJ, o material inicialmente usado na produção foi o Etanol, disponível nos almoxarifados dos departamentos e utilizados em aulas e pesquisas. Tendo que suprir as necessidades de cada vez mais pessoas e instituições, a Rural também está pedindo contribuições através de doações de álcool 99 e 92 e embalagens. 

Materiais como o álcool 70 e máscaras são essenciais para desinfecção de objetos e proteção do rosto, mantendo os locais sempre limpos e esterilizados e criando barreiras físicas para o vírus. Entretanto, a indústria não estava preparada para suprir tamanha demanda desses materiais causada pela pandemia. Motivadas pela necessidade de contribuir com a segurança da população da região e dos seus alunos e funcionários, iniciativas como a do Rural 70 surgiram nas dependências da UFRRJ, visando ajudar a sociedade na luta contra o coronavírus.

Alessandra de Carvalho, coordenadora de comunicação social e assessora de comunicação da Universidade, relatou que os projetos surgiram de várias formas, seja por grupos de voluntários (caso do álcool 70 e produção de máscaras), seja de grupos de pesquisa formados ou de pró-reitorias. “O papel das universidades é fundamental para dar apoio a sociedade no enfrentamento da pandemia de forma ampla, seja na pesquisa ou na extensão. Além disso também serve para mostrar que a ciência é importante em um mundo em convulsão, que sofre ataques do que a Organização Mundial da Saúde chamou de infodemia’’, comentou Alessandra.

Reportagem: Gustavo Vieira e Leo Garfinkel

Supervisão: Maria Luísa Martins e Patrick Garrido

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