Adoção de animais na quarentena
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Com as medidas de isolamento social para conter a pandemia do coronavírus, grande parte das pessoas estão se sentindo sozinhas. Para melhorar essa nova rotina e ocupar o tempo livre, a solução encontrada por muitos foi a adoção de animais de estimação. Apesar de ser uma boa ação e diminuir o sentimento de solidão, protetores de animais têm alertado a respeito dos pontos que é preciso considerar antes de se adotar um companheiro.
Segundo a ONG Amparo Animal, desde o início da quarentena foi observado um aumento pela procura de animais nesse período. De acordo com a instituição, como não estão sendo realizadas feiras e eventos com aglomerações, eles estão divulgando as adoções de cães e gatos nas páginas oficiais via Instagram e Facebook. Porém, em um momento difícil como este, é necessário pensar bem antes de incluir mais um integrante na família.
Embora tenha ocorrido aumento na procura, a média de abandono continua alta. Para tentar evitar essa situação, a ONG realiza uma entrevista com os possíveis futuros donos antes de levarem o animal para casa. São feitas várias perguntas e esclarecimentos quanto a cuidados, gastos, deveres, entre outros. A pandemia irá passar, por isso, eles ressaltam a importância da adoção responsável. “Animais não são coisas, vivem em média 15 anos, tem sentimentos e dão gastos”, acrescentou o instituto.
Apesar de ser um gasto a mais, precisam também de espaço, atenção e paciência. De acordo com um estudo da Universidade Estadual de Nova York , a convivência com eles traz um bem-estar para os seus respectivos donos e reduzem o estresse. Conforme explica a psicóloga Luisa Rossi, os pets geram um clima mais leve em meio aos conflitos e tensões do isolamento, pois acabam sendo um entretenimento. A companhia deles também reduz os sintomas de depressão e os elevam o nível de interação social. “A presença de um animal de estimação aumenta o senso de pertencimento de um grupo”, completou Luisa.
Um dos casos de pessoas que sentiram os benefícios em ter animais dentro de casa durante a quarentena, é o de Bernardo Moreno. O carioca que mora sozinho já havia tido a experiência quando adotou uma cadela e, durante a quarentena, recebeu a companhia de dois gatos. Ele declarou que nunca teve bichos dentro de casa, porém para adotar os felinos foi necessário abrir as portas. “Com certeza minha quarentena está sendo muito feliz por conta deles, não tenho me estressado nem ficado no tédio”, acrescentou Bernardo.
No entanto, para alguns protetores de animais esse “boom” de adoções não é visto com bons olhos. Como é o caso da dona de uma ONG de cães e gatos no RJ, que preferiu não se identificar. A protetora alerta sobre o fato de que ninguém sabe como vai ser o futuro pós pandemia. “As pessoas podem perder o emprego e enfrentar dificuldades, isso vai gerar mais abandono”. Devido a isso, ela optou por suspender as adoções durante esse período. A proprietária alegou ter percebido que muitos estão abandonando por conta de dificuldades financeiras. “Me pediram ajuda para ficar com os animais”, comentou. Ela ainda acrescentou que recebeu uma demanda inesperada de animais no abrigo.
Portanto, ela afirma que antes de acolher um pet, é necessário estar ciente a respeito dos gastos e cuidados a serem tomados. A adoção irresponsável pode resultar em maus tratos, abandono, e é considerado como crime ambiental. Vale ressaltar que quem comete esse tipo de crime pode ser punido em até um ano de prisão e está sujeito a pagamento de multa. Logo, adoção sim, mas com responsabilidade.
Reportagem: Camila Hucs e João Pedro Camero
Supervisão: Maria Luísa Martins e Patrick Garrido