A atuação das ONG’s para animais carentes na pandemia
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Desde muito tempo, os animais de estimação são conhecidos como os amigos mais fiéis do homem. Fazem companhia nas horas vagas, se divertem juntos e estão por perto nos momentos mais difíceis. E, durante a pandemia, não poderia ser diferente. As pessoas precisam de carinho e atenção para atravessar um período como esse. Com isso, voltaram o olhar para os bichinhos vindos de instituições não governamentais como uma forma de conforto.
Impedidos de saírem, muitos se sentiram sozinhos e adotaram um animal como uma via de conforto. “Como as pessoas ficaram mais em casa, estão mais carentes, estão trabalhando de home office muito mais que antes, elas sentiram necessidade de uma companhia.” afirma a ONG Adote Niterói, que auxilia a cuidar de cães e gatos necessitados.
A pandemia do coronavírus impactou de muitas formas o trabalho dessas instituições. Thaiane Montenegro, voluntária da organização social Flagato, que cuida de felinos em situação de carência, afirma que, no primeiro momento, o medo da doença afastou muitas pessoas do serviço voluntário. Mas, com a crescente adoção do trabalho remoto, as atividades foram sendo retomadas. “Aí sim nós tivemos uma adesão maior de voluntários, porque muita gente começou a trabalhar de home office, tendo mais flexibilidade de horário, então ficou mais fácil de conseguir voluntários.”
Quando a crise sanitária começou, foi necessário um trabalho constante para que os animais não fossem esquecidos em meio a outras demandas. E, para isso, as mídias sociais foram fundamentais. “O que fizemos foi manter a constância nas postagens, tentar trazer conteúdos que agregam, são bem importantes e informativos para quem nos segue e tem intenção de adotar ou que já tenha um animal.” afirma o grupo niteroiense.
Na visão de Montenegro, durante muito tempo, houve um estereótipo de que os gatos eram animais mais arredios difíceis de lidar, já que são de convívio exclusivamente doméstico e não frequentam a rua como os cachorros. Sendo refletido, inclusive, no treinamento veterinário, por vezes voltado para os caninos. Mas, recentemente, isso mudou. De acordo com pesquisa encomendada pelo grupo Royal Canin em julho do ano passado e publicada pela Veja Rio, a adoção dos felinos teve um salto de 23% em relação a 2019, o que mostra um novo olhar da sociedade perante a eles.
Agora, mais de um ano depois, a situação econômica do país fez com que algumas pessoas fossem obrigadas a abandonar os animais. Thaiane afirma que muitos deixam os felinos em situações desfavoráveis, alguns em processo de gestação, o que acontece sem fiscalização do poder público. “É difícil, porque embora tenha uma fiscalização, tenha o Aterro Presente ali, eles não atuam muito sobre isso, o poder público se isenta um pouco sobre essa responsabilidade, sabe.”
Uma discussão que ganhou força com o início da quarentena foi o quão solidário podemos ser com os próximos. Com os bichinhos, não foi diferente. Vanessa Rocha, administradora da página Gatos do Aterro, acredita que o dia a dia da colônia foi afetado positivamente. De poucos voluntários, a organização já conta com 28 pessoas envolvidas no processo operacional. “Se hoje a gente cuida desses animais, leva no veterinário, dá comida, é graças a ajuda de todos. A solidariedade ajuda muito. Sempre que eu peço, consigo chegar ao valor pedido.”
Portanto, percebe-se que os animais carentes são uma pequena parte de uma grande rede de pessoas envolvidas em solidariedade. Para ela continuar existindo é necessária a manutenção das doações. Apesar do cenário econômico difícil, Thaiane afirma que muitos continuam colaborando mesmo que em quantias menores. “Cada um doa o que pode. A gente tem doador que dá cinco reais por mês porque é o que eu posso fazer e isso ainda é excelente. Quem puder doar, o que puder doar está ótimo.”
Reportagem: Guilherme Rezende, Luana Maia e Pedro Ribeiro
Supervisão: Ana Julia Oliveira e Camila Hucs