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Novembro Azul: uma campanha contra o câncer e o machismo

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O mês de novembro vem junto à campanha do Novembro Azul, para a conscientização sobre o câncer de próstata. Esse tipo de câncer é o mais incidente e o que mais mata entre a população masculina, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). O instituto também estima que surgirão cerca de 71.730 novos casos por ano para o triênio de 2023-25.

Por conta do alto índice de registros e de mortes, a campanha serve para conscientizar o público masculino acerca dos sintomas e dos perigos da doença. Mesmo com as ações de conscientização, ainda há um tabu envolvendo esse assunto. Em entrevista ao Portal, o médico Elder Cardoso explicou que o machismo coloca o homem em uma posição vulnerável, e acaba viabilizando as doenças da próstata. “Em média, uma mulher vive 7 anos a mais que um homem, em parte explicado pela cultura feminina do cuidado com a sua saúde”, disse o médico.

Elder vê uma despreocupação do homem com a sua saúde em geral, e não somente com a próstata. Porém, o acesso à informação e a influência cada vez maior da mulher nas decisões familiares, está levando os homens a um maior autocuidado. Mas, ainda há muito que evoluir. Ele brinca que o exame deve ser feito tal qual a troca de óleo no carro, anualmente. “Essa doença é completamente assintomática na sua fase precoce, fase em que ainda é possível curar. Os sintomas só começam a surgir em fases mais avançadas da doença, tais como dores ósseas, ejaculação com sangue, perda de peso, fraturas ósseas, etc.”, explica.

Roberto Monzo, de 88 anos, descobriu o câncer de próstata após exames de rotina: “Já tinha feito uma biópsia que deu como resultado uma próstata inflamada mas sem câncer. Depois, o PSA veio aumentando e fiz uma biópsia novamente, que deu em três pontos inflamados, três pontos de câncer”. 

O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma glicoproteína produzida primariamente pelas células epiteliais da próstata, secretada no líquido seminal, onde permanece em concentrações elevadas, e em menores concentrações no soro de homens saudáveis. Isso quer dizer que é normal que todos os homens tenham PSA no sangue desde que em níveis baixos. 

Roberto explica que seu tratamento teve duas partes, 24 sessões de Radioterapia e a Hormonioterapia, que consiste na paralisação da produção de testosterona do homem (hormônio utilizado pelo câncer para o seu crescimento). Ele também ressalta a importância dos exames de toque e exercícios físicos diários. “Sem dúvidas, para os mais novos, o exame do toque é fundamental, pois o exame de sangue sozinho não é o suficiente”, ele aconselha. 

O Instituto Nacional de Câncer Americano (SEER – Surveillance, epidemiology, and end results) realizou o acompanhamento da taxa de sobrevivência em pacientes diagnosticados com câncer de próstata, o que refere-se à porcentagem de pacientes que conseguem viver pelo menos 5 anos  ou mais, após o diagnóstico da doença. Os resultados indicam que, quando o câncer é identificado em estágio inicial, a taxa de sobrevivência é superior a 90%. Ou seja, aproximadamente 9 em cada 10 pacientes diagnosticados conseguem sobreviver por pelo menos 5 anos, sugerindo uma perspectiva positiva em relação ao sucesso do tratamento. No entanto, é importante notar que cerca de 95% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados em estágios avançados.

A campanha do Novembro Azul, mais uma vez, mobiliza diversos setores da sociedade em busca de um único objetivo: a disseminação da informação sobre o câncer de próstata. Uma doença que, segundo o Ministério da Saúde, vitimou 44 homens por dia em 2021. Mortes advindas do desconhecimento da enfermidade e, sobretudo, de tabus consolidados na sociedade.

 

Reportagem: Agnes Todesco e Davi Rosenail

Supervisão: Júlia Vianna, Lorenna Medeiros e Pedro Zandonadi

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