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As repercussões da possível entrada do Brasil na nova Rota da Seda

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A ida do Presidente Lula à China, que ocorrerá na próxima segunda-feira (10), terá como uma das pautas a formalização da participação do Brasil no projeto “Belt and Road Initiative” (BRI). O plano, também chamado de Nova Rota da Seda, é um projeto introduzido em 2013 pelo presidente chinês Xi Jinping. Ele tem como objetivo intensificar o comércio do leste asiático com o restante da Ásia, Europa, África e América do Sul, através de investimentos feitos, principalmente, em infraestrutura e transporte. Em uma década, já mobilizou quase US$ 932 bilhões (cerca de R$ 4,6 trilhões), de acordo com dados do think tank Green Finance & Development Center, da Universidade de Fudan, em Xangai.

A primeira Rota da Seda, usada por mais de 1000 anos, foi a maior rede de rotas do Mundo Antigo, e conectava a Ásia, Europa e África, possibilitando trocas comerciais entre diversos países, principalmente de produtos têxteis chineses (daí o seu nome). Agora, o Brasil está muito próximo de aderir ao seu sucessor. A aceleração do crescimento econômico é consequência do aumento de investimentos e, nesse quesito, o país já recebeu mais de US$60 bilhões em aplicações chinesas.

Ainda assim, segundo Natália Araújo, mestre em Relações Internacionais pela USP, o Brasil já tem uma relação econômica consolidada com a China, independentemente da BRI. Ele já é um grande destinatário de investimentos chineses, e o segundo principal destino de investimentos chineses em infraestrutura. “Só haverá incremento nessa relação se forem identificadas novas oportunidades estratégicas, e aqui é importante que o Brasil defina o que é estratégico para si.”, completou Natália.  

Em junho de 2021, os Estados Unidos, em parceria com o G7, apresentou a Build Back Better World (B3W) como uma alternativa ao plano chinês. Com o objetivo de criar “uma parceria de infraestrutura transparente, de alto padrão e orientada por valores” para ajudar a financiar projetos em países em desenvolvimento. O G7 investirá, através da B3W, em quatro áreas: clima, saúde, tecnologia e igualdade de gênero. Por mais que o projeto seja promissor, Natália não acredita que ele possa ser mais benéfico para o Brasil do que a nova Rota da Seda, e afirma: “O projeto chinês é muito mais robusto que o estadunidense e já apresenta vários resultados concretos.” 

Não se pode ignorar que o mundo passa por um momento de grande divisão geopolítica. Com EUA e China sendo as duas principais potências econômicas do mundo, a busca por parceiros e áreas de influência se acentua e, com isso, a provável adesão do Brasil ao projeto chinês pode causar tensões. No entanto, o professor Pablo Ibanez, geógrafo e professor da UFRRJ, justifica a opção pelo projeto “Belt and Road” e afirma que os EUA possuem projetos muito pesados, seja pela iniciativa privada ou por uma geopolítica muito agressiva, o que faz com que eles não tenham uma capacidade de coordenação tão clara quanto a que os chineses têm. “Não é pra parecer uma propaganda, é pra fazer uma análise efetiva de execução, capacidade geopolítica de implantar poder no território, eles têm uma persuasão maior e interferência muito menor.”, completa Ibanez.

Reportagem: Bruno Giovanni, Maria Fernanda Buczynski e Vitor Miguel

Supervisão: Maria Eduarda Martinez

Imagem de capa: AP e Reuters

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