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As implicações da privatização do transporte público em São Paulo

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Servidores metroviários iniciaram na última terça-feira (3), a greve unificada contra os projetos de privatização em transportes públicos realizados pelo governo de São Paulo. O movimento foi gerado por funcionários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), do metrô e da Sabesp – responsável por operar o saneamento básico no território paulista. Ao todo foram nove linhas de transporte paralisadas, a prefeitura decretou ponto facultativo e o rodízio municipal de veículos foi suspenso para minimizar o impacto das catracas fechadas.

A manifestação foi encerrada no mesmo dia, às 23h59, com a decisão tomada pela assembleia do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. Entre 4.113 pessoas que participaram da votação, quase 79% dos trabalhadores consentiram o encerramento da greve. Essa não é a primeira paralisação. Em março deste ano foi solicitado reajustes salariais, melhores condições de trabalho e a revogação de demissões por aposentadoria e outros desligamentos realizados em 2019. Os grevistas chegaram a propor um dia de catraca livre como alternativa para não prejudicar a população, o que não foi aceito por questões de segurança.

Para os servidores, tornar o serviço algo privado piora a qualidade dos meios de locomoção. Nesse sentido, eles exemplificam o acúmulo de 166 falhas no primeiro ano de gestão da ViaMobilidade nas Linhas 8 e 9 da CPTM, além dos problemas de tarifa do trem no Rio de Janeiro, que passou a ser a mais cara do país, chegando a R$7,40. “A privatização não é boa para os passageiros nem para os trabalhadores do metrô e CPTM. Ela é boa apenas para os empresários e acionistas do transporte, que nunca andaram de metrô ou trem na vida”, de acordo com o sindicato dos metroviários. 

Segundo o economista João Branco, a privatização é um dilema. “As linhas do metrô exploradas pela iniciativa privada funcionam melhor do que as linhas que são exploradas diretamente pelo Estado. Então, em princípio, me parece uma boa solução a privatização da operação do metrô em São Paulo”. Para ele, a empresa privada assume o controle na privatização e tem maior flexibilidade para investir, resultando em melhorias nos serviços prestados. No entanto, o lado negativo surge quando o empresário prioriza o lucro máximo em curto prazo, possivelmente evitando novos investimentos e negligenciando áreas menos favorecidas. 

Em resposta a toda essa situação, o governador expressou seu descontentamento com a greve. Em entrevista à CNN, Tarcísio afirma que a greve é uma ação político-ideológica, ilegal e sem reivindicações trabalhistas concretas. Também ressalta que “privatização foi decidida nas urnas” por estar presente no plano de governo. A presidente do sindicato dos metroviários, Camila Lisboa, retrucou que: “não se trata de uma greve ideológica. A greve é contra a privatização”. Algo que também é defendido pelo sindicato, é a abertura de um plebiscito para votar a respeito, “Quem bebe água e usa transporte público tem direito a opinar sobre privatização”, disse a presidente do sindicato. 

O analista de CMS da Vitrio, Victor Pereira Arlindo, vê importância na greve: “O discurso de que a privatização implica na melhora do serviço é algo sempre propagandeado e temos exemplos mais que suficientes do contrário.  Acho importante também, pois, demonstra como uma categoria consegue ter compreensão de que esse tipo de proposta não atende nem aos seus interesses, nem aos da população que utiliza o serviço”. Ao ser questionado sobre as implicações da privatização em sua vida, ele reflete que prejudicaria ele e sua irmã, que moram juntos, tanto no financeiro, quanto no tempo , levando em consideração que  passariam mais tempo no transporte público. 

Voltada a circulação dos transportes, a Linha 2-Verde, já apresentou problemas. Segundo passageiros, a porta não estava fechando na estação Vila Prudente, o que obrigou os usuários a ficarem quase uma hora parados. Em nota, o Metrô alegou a volta da circulação do trem, mas eles circulavam com lentidão e maior intervalo. A privatização segue em fase de estudo pelo governo. 

Reportagem: Carolina Dorfman e Joana Braga

Supervisão: Thiago Vivas e Vitor Renato

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