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Superação no esporte

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Os jogos Parapan-Americanos 2019 foram realizados entre os dias 23 de agosto e 1 de setembro. O primeiro lugar no quadro de medalhas foi conquistado pela delegação do Brasil, que obteve a melhor campanha da história da competição. No total, foram 308 medalhas, sendo 124 de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. O campeão paralímpico Jonas Licurgo, de 49 anos, afirma que isto mostra à população que o Brasil tem potencial para ganhar uma paralimpíada ou um mundial e ser o melhor em todas as modalidades. “Quem ganha com isso é o nosso país, mostrando que temos atletas de ponta e os melhores do mundo”, acrescenta.

O esporte desperta inúmeras sensações e uma delas é a vontade de superação. Foi através dele que Jonas praticamente renasceu. Ele conta que, após perder o movimento das pernas em um acidente, sentia vergonha de sair de casa. Porém, três anos depois, seu amigo professor de educação física o convidou para conhecer a Associação de Apoio às Pessoas com Deficiência da Zona Oeste e foi lá que ele começou a jogar basquete. “Eu observava que os atletas deficientes eram casados e tinham filhos. Então, eu percebi que mesmo estando em uma cadeira de rodas, eu também poderia formar a minha família. A partir daquele momento, o esporte me trouxe de volta à vida”.

A superação vai além de dentro das quadras. O cadeirante e técnico de futsal André Lima, 30 anos, diz que, para quem é deficiente, o esporte ajuda bastante a perder a timidez e a vergonha. Antes de sofrer o acidente, André era jogador e, inclusive, disputava campeonatos de federação. No entanto, após perder o movimento das pernas, lutou contra a ideia de voltar a praticar atividades físicas até ser convencido pelos amigos a retornar para o esporte. “O que eu aprendi não podia deixar morrer comigo. Com a vivência que eu tive nesse meio, antes como jogador e agora técnico, eu precisava ensinar para as outras pessoas, mesmo não tendo feito Educação Física”, conta.

André treinando Crossfit/ Reprodução: Arquivo pessoal

 

Felicidade foi a palavra mais repetida por André. Ele comenta que seu maior objetivo é mostrar às pessoas que não é por ser cadeirante que não pode ser feliz. “O esporte, para quem está em cima de uma cadeira de rodas, transmite uma sensação de liberdade. Por exemplo, no Parapan tinha atletas sentados, em pé, cegos e nem por isso eles deixam de sorrir”, comenta.

O que Jonas e André têm em comum é a síndrome do membro fantasma. Este fenômeno pode ser representado através de sensações que, em geral, provocam dor em um membro amputado ou em pessoas que possuem lesões nervosas. Erika Rodrigues, de 39 anos, professora de Mestrado e Doutorado em Ciências da Reabilitação na UNISUAM, explica que o cérebro tem verdadeiros mapas em diversas áreas específicas do corpo e, através deles, é possível controlar os movimentos. Além disso, ela diz que, quando se perde uma parte do corpo, as regiões do cérebro que recebiam os estímulos ficam ociosas. “Isso vai gerar modificações nos mapas corporais, porque as áreas ociosas começam a ser recrutadas para outros fins. Essa reorganização, em vários estudos científicos, está sendo relacionada às sensações fantasmas”, complementa.

Além de professora, Erika também é pesquisadora do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. Inclusive, ela e seu grupo de pesquisa estão desenvolvendo um tratamento usando neurofeedback por ressonância funcional para a dor fantasma. A ideia é usar ferramentas computacionais para analisar as imagens em tempo real. Portanto, permite identificar a ativação de áreas cerebrais específicas. “Podemos mostrar ao voluntário como está sua atividade cerebral e assim, esperamos que a pessoa consiga controlar suas próprias atividades.”, afirma. O projeto funciona com pesquisas feitas em voluntários que tiveram o membro superior (mão ou braço) amputado e que sentem dor no local da amputação.

Divulgação do projeto em busca de voluntários/ Reprodução: Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino


Texto: Maria Luísa Martins

Edição: Larissa de Oliveira

 

 

 

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