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Mulheres em greve e empoderadas

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O Centro do Rio em tons de lilás na Greve Internacional de Mulheres: pelo fim da opressão

Reportagem e fotos: Rosana Freitas e Karoline Kina

Faixas, cartazes, mulheres de todas as idades e gritos de empoderamento. Essa foi a cena na Candelária, no Centro do Rio, onde uma multidão se reuniu em função da Greve Internacional das Mulheres, convocada pelo movimento #NiUnaMenos, que surgiu na Argentina e já está presente em mais de 40 países. Questões como feminismo, desigualdade de gêneros, feminicídio e a proposta de reforma previdenciária, que pretende aumentar para 65 a idade mínima para a aposentadoria, foram algumas das principais motivações que levaram as pessoas ao local.

 

Os manifestantes, que caminharam até a Praça XV, faziam parte de diversos movimentos sociais e grupos engajados em causas feministas, como é o caso do Levante Popular da Juventude. Tayane Cardoso, de 25 anos, faz parte do movimento e acredita que a paralisação foi importante para resgatar o verdadeiro espírito do feminismo. Ela afirma ainda que a organização das mulheres também tem uma motivação anticapitalista: “Precisamos resgatar essa visão de que o feminismo não é uma luta isolada, e sim uma luta política de mulheres organizadas, para derrubar não só o patriarcado, mas também o capitalismo”. Tayane também criticou a proposta de Reforma da Previdência. “A gente quer barrar o desmanche das leis trabalhistas, tomando como inspiração as mulheres guerrilheiras do passado e do presente”, disse. Assim como Tayane, muitos dos que estavam presentes expressaram insatisfação com a proposta, como é o caso da historiadora Jessica Raul, de 31 anos. Segundo ela, as mulheres negras e empregadas domésticas serão grandes prejudicadas, caso a reforma seja aprovada. “As empregadas, que conseguiram tardiamente o direito de ter a sua carteira assinada, vão ter o seu direito mais retardado ainda”, opinou.

Mulheres se reúnem no Centro do Rio para reivindicar direitos: protesto também foi anticapitalista

Luciana Boiteux, professora da UFRJ e que foi candidata a vice-prefeita do Rio no ano passado na chapa de Marcelo Freixo, também marcou presença defendendo a luta contra a proposta. “A reforma previdenciária vai afetar de maneira absurda a vida das mulheres, especialmente as que vivem no campo e as mais pobres, então esse é o momento em que devemos lutar para que os direitos conquistados não sofram um retrocesso”, ressaltou. A professora também falou sobre a garantia da manutenção de direitos: “Nós tivemos, nos últimos anos, um crescimento muito grande do reconhecimento formal de direitos, tanto pela Constituição, como por outros tratados internacionais e a própria Lei Maria da Penha. O que está faltando é a concretização desses direitos por meio de políticas públicas”.

Esse assunto também foi defendido pela professora Ana Carolina, de 37 anos, que usou um caso famoso como exemplo de abuso contra as mulheres. “A soltura do goleiro Bruno mostra como as coisas não funcionam. Ele assassinou a mãe de seu filho e hoje está em liberdade”, criticou. O goleiro Bruno Fernandes, condenado há quatro anos pelo assassinato e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, foi solto há duas semanas em decisão provisória do Supremo Tribunal Federal (STF). Para Ana, ser mulher é como “matar um leão por dia”, pois, além de encarar os cuidados com os filhos e com a casa, a mulher, muitas vezes, ainda tem que lidar com opressão, machismo, assédio moral e violência psicológica dentro da própria casa.

A manifestação contou ainda com a presença de integrantes do grupo de Fotógrafas Brasileiras. Wania Corredo, uma das responsáveis por sua criação, falou sobre a importância do movimento para elas: “O que estamos fazendo aqui hoje é reivindicar nossos direitos como profissionais e mulheres. Somos fotógrafas e também lutamos por salários iguais, oportunidades de emprego e respeito. Nossos direitos existem legitimamente, mas nem sempre são colocados em prática”. A manifestação das mulheres, que começou às 16h, terminou por volta das 21h.

O grupo #fotógrafasbrasileiras na manifestação

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