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Visibilidade no streaming: as dificuldades de novos artistas no Spotify

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O veterano do Folk, Neil Young, voltou a disponibilizar suas músicas no Spotify após 2 anos fora da plataforma. O artista, que havia retirado seu catálogo do aplicativo por questões políticas e ideológicas, reconheceu o Spotify como um canal de streaming essencial ao relatar a necessidade de dar visibilidade às produções musicais. O caso de Neil Young chamou atenção para a relação de dependência estabelecida entre os artistas e os serviços de streaming, como o Spotify, a maior plataforma do mundo em termos de usuários ativos.

No primeiro trimestre de 2024, o balanço do Spotify registrou um crescimento de 19% dos usuários com 615 milhões de contas na plataforma. Entre os assinantes, o aplicativo possui 239 milhões de perfis ao redor do mundo e alcançou uma receita de 3,9 bilhões de dólares apenas nos primeiros três meses deste ano. Segundo o artista Arthur Gomes Santana (Artu), que trabalha com música desde 2022, a proximidade com público é o que o motiva a utilizar o streaming: “É a plataforma mais ouvida, mais conhecida, e é importante que o trabalho seja de fácil acesso. Como as pessoas usam o Spotify, é imprescindível subir as músicas no app”.

Com uma variedade de músicas e produções, Artu relata que uma das principais dificuldades para os novos artistas na plataforma é ‘ser encontrado’. Ele sugere que a organização das playlists disponibilizadas pelo algoritmo do Spotify seja melhorada, com sugestões de músicas baseadas no gosto musical de cada usuário. “Precisa existir uma equipe maior para analisar as músicas que entram na plataforma e avaliar quais podem entrar em determinadas playlists. Isso pode dar oportunidade de muita música boa entrar em playlists mais conhecidas e chegar até o usuário”, diz.

Os novos e pequenos artistas também criticam as baixas remunerações oferecidas pelo streaming. Segundo um relatório da Midia Research publicado em 2022, o Spotify possui cerca de oito milhões de artistas e 31% de participação no mercado global, número superior em relação a outros aplicativos como Apple Music (14%) e Amazon Music (13%). O valor distribuído aos artistas não é divulgado oficialmente pela plataforma, no entanto, especialistas estimam o pagamento de 0,003 dólares por reprodução.

Como é feito o pagamento do Spotify? 

Para ser remunerado, é necessário que o artista coloque a música na plataforma através de uma gravadora ou distribuidora. Esse processo não pode ser realizado de maneira independente, sem estar vinculado à uma das duas. Em seguida, a empresa escolhida faz a distribuição da música para as mídias digitais, incluindo o Spotify, que realiza o pagamento uma vez ao mês.

Para o músico e doutor em Comunicação Social, Giovani Marangoni, o método de pagamento do Spotify coloca o artista em posição de desvantagem: “O streaming detém 30% do valor. Dos 70% que sobram, 15% são do autor, e o restante é da gravadora”.  

Marinna Alves, 22 anos, começou a trabalhar com música em 2021. A artista, que disponibiliza todas as suas produções no Spotify, optou por utilizar uma distribuidora para postar as músicas nos serviços de streaming. Para ela, isso facilita o trabalho e melhora a visibilidade da produção, mas não garante o lucro. “Eu gasto muito mais do que eu ganho. No Spotify, você recebe em dólares, então, convertendo, eu já cheguei a ganhar apenas 100 reais em músicas que eu gastei aproximadamente 2 mil reais para produzir”.

Neste ano, o Spotify anunciou uma mudança nas regras de pagamento, que define que a plataforma não vai mais pagar com canções que tenham menos de mil reproduções ao longo de 12 meses. Para Marangoni, esta é mais uma tentativa de atrapalhar os artistas iniciantes: “A explicação da plataforma é que isso poderia diminuir a quantidade de músicas feitas por inteligência artificial e frear o produtor ‘fake’, mas isso na verdade prejudica os pequenos artistas”. 

Apesar das dificuldades, mais de 10 milhões de artistas ainda divulgam seu trabalho através do aplicativo, conforme divulgado por Daniel Ek, fundador e CEO da empresa. Com a popularidade da plataforma, as constantes alterações das políticas de monetização e a falta de iniciativas capazes de destacar novas produções dentro do Spotify não são motivos suficientes para afastar os artistas do serviço de streaming.

Reportagem: Davi Magalhães, Duda Reis e Gabriela Zito

Supervisão: Eduardo Gama e Joana Braga

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