Praia da Glória é decretada própria para banho pelo INEA
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Os cariocas ganharam uma nova praia. É o que afirma o Instituto Estadual do Ambiente do Rio (Inea). Segundo o órgão, a Praia da Glória passou a ser considerada própria para banho. O Inea divulga resultados de qualidade da água somente a partir de setembro.
Por muitos anos, a Praia da Glória, divisora dos bairros do Centro e do Flamengo, não esteve própria para banho devido às águas poluídas advindas da Baía de Guanabara. A partir dos anos 2000, a praia frequentemente apresentava indicadores de baixa qualidade da água, o que resultou em suas interdições. Os fatores que levaram a esta situação foram: o lançamento de esgoto sem tratamento e o acúmulo de lixo e resíduos na região que impactaram a salubridade da área.

Foto: Julia Novaes
Desde 2021, com a privatização da CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) pela empresa de serviços de saneamento Águas do Rio, a qualidade da água apresentou notáveis melhoras. Nos esforços de recuperação do local, houveram iniciativas para melhorar a qualidade da água, como a ampliação da coleta e tratamento de esgoto.
Em 2022, um conflito entre o Rio-Águas e o governo estadual prejudicou a região Flamengo/Glória no que foi chamado pelos jornais de ”Jogo de Empurra”. O fato ocorreu em meio a paralisação da UTR (Unidade de Tratamento) do Flamengo, que foi desativada pela Fundação Rio-Águas. Isso fez com que o esgoto advindo do Rio Carioca fosse despejado na Praia do Flamengo. A empresa justificou o não funcionamento da estação de tratamento, ao alegar que a responsabilidade da UTR é do governo. Essa medida acarretou na poluição das águas da área.
Em maio do mesmo ano, a empresa operou um projeto de desvio do despejo do Rio Carioca para o interceptor oceanico. Com isso, o esgoto deixou de ser despejado na Baía de Guanabara, e a estação de tratamento do Flamengo foi reativada. Essa medida evitou que mais de 20 milhões de litros de água contaminada fossem despejados na praia. Além da política de reparação, a empresa desenvolveu um projeto de purificação da Baía de Guanabara, que conta com a instalação de coletores de esgoto pela cidade.

Foto: Julia Novaes
Os resultados das medidas de preservação das águas podem ser vistas em seus níveis de balneabilidade. Segundo o INEA, os níveis de poluição das praias da região reduziram em 90% desde a concessão dos serviços de saneamento, além da volta revitalizada da vida marinha da região.
A recuperação da Praia da Glória enfrentou desafios. A condição afetava não apenas os frequentadores, mas também o comércio local e as atividades turísticas.
A ambulante Renata Maria da Silva, explica que a melhora da qualidade da água impacta positivamente nas suas vendas: “Melhorou muito, depois que a água ficou limpa, a Prainha da Glória ficou ótima pra gente, tem vindo mais frequentadores movimentando mais a praia, estou gostando muito.“

Vendedora Renata Maria da Silva aponta melhora na praia. Foto: Julia Novaes
A banhista Shirley de Souza Santana comenta que, apesar de sempre ter frequentado a praia, ”Hoje em dia está bem melhor.” A pedagoga afirma que passou a ser um ambiente familiar ”Dá para trazer criança porque é bem calminho, tem chuveirão também, tem árvores, sombra, é muito legal.”

Shirley de Souza curte o dia ensolarado ao lado do padrasto Antônio Batista de Souza Foto: Julia Novaes
A bióloga Olívia Tavares explica que a qualidade da água é diretamente influenciada pelo tratamento inadequado do esgoto, tanto doméstico quanto industrial: “Quando o esgoto não é tratado corretamente, ele não apenas polui as águas, mas também eleva a probabilidade de contágio por doenças”. Ela ainda ressalta a urgência de melhorias nas infraestruturas de saneamento, que são fundamentais para a preservação ambiental e a saúde da população.
A especialista também aponta a importância de métodos como a biorremediação, que utiliza organismos vivos para degradar poluentes e limpar a água contaminada: “Essas técnicas podem ser essenciais para restaurar a qualidade das águas em regiões afetadas, oferecendo uma alternativa viável e sustentável para a recuperação ambiental”.
Capa: Julia Novaes
Reportagem: Davi Magalhães e Kaylane Pedroso
Supervisão: Carolina Dorfman e Vinicus Nunes