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O que esperar das relações internacionais com o governo Lula

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Divulgação/Ricardo Stuckert

Luiz Inácio Lula da Silva venceu a corrida presidencial com 51,28% dos votos no exterior. O petista foi o mais votado em 58 países, sendo bem recebido por líderes mundiais, incluindo governantes alinhados a Bolsonaro. Após o resultado das eleições, o futuro presidente retomou relações que haviam sido cortadas durante o atual governo. Além do convite para a COP 27 no Egito, Lula foi telefonado por Emmanuel Macron, presidente da França, que reforçou o interesse em manter uma “parceria estratégica”.

A presença de Lula gerou uma alta expectativa na vigésima sétima conferência do clima das Nações Unidas (COP 27), que começou no último domingo e deve durar cerca de duas semanas. Líderes do meio ambiente enxergam a ida do futuro presidente como algo muito positivo para o Brasil, considerado um sinal de um país que se volta para o mundo e para as questões climáticas atuais. 

O jornalista Vinicius de Assis, que mora na Etiópia, e acompanha de perto as movimentações da ida de Lula ao Egito, afirma que existe uma grande expectativa para a chegada do presidente eleito que tem interesse em retomar políticas para reduzir o desmatamento e que líderes mundiais demonstraram que a presença do petista é muito mais relevante do que a de Bolsonaro.

imagem: AFP

A imagem do país ficou deteriorada a cada edição da conferência no cenário internacional. Assim que assumiu a Presidência, em 2019, Bolsonaro avisou que o Brasil não iria sediar a COP 25, como havia sido planejado três anos antes. Esse isolamento internacional aconteceu durante todo o governo. Carlos Rittl, especialista em políticas públicas da Rainforest Foundation da Noruega, declarou que “foram quatro anos não só de abandono, mas de guerra declarada contra a agenda ambiental e climática, contra os povos indígenas, a Amazônia, contra as próprias agências federais que cuidam do meio ambiente”.

A relação Brasil-África é uma das que tende a se fortalecer durante o governo Lula, após perder força com Bolsonaro. Durante o seu mandato, o atual presidente da república fechou três embaixadas e não fez nenhuma visita a países africanos, o que irritou líderes políticos do continente. Vinícius afirma que, com a eleição de Lula, a relação Brasil-África irá se fortalecer.

“Eu não tenho dúvidas de que a relação Brasil-África vai se fortalecer. O Brasil se distanciou dos países africanos nos últimos anos. Esse distanciamento começou no governo Dilma e se intensificou no governo Bolsonaro. Conversei com diplomatas da União Africana na capital da Etiópia, que dizem que o Bolsonaro esnobou a África, enquanto o Lula fez um trabalho de aproximação do Brasil com o continente. Ele é tido como uma liderança na região, então eu acho que isso contará na reaproximação do Brasil com a África”.

Na Europa, a Alemanha e a Noruega demonstraram interesse em retomar o financiamento do Fundo Amazônia, que foi suspenso depois do aumento do desmatamento na floresta, em 2019. Espen Barth Eide, ministro do Meio Ambiente da Noruega, anunciou que está animado para trabalhar com o futuro presidente. “Lula defendeu a proteção da Amazônia e seu povo ao longo de sua campanha, bem como em seu discurso de vitória. A Noruega espera revitalizar nossa extensa parceria climática e florestal com o Brasil”, afirmou em seu perfil no Twitter.

Em Amsterdã, capital da Holanda, Lula recebeu 78,41% dos votos válidos no 2° turno, segundo o TSE. Manuela Lorang, moradora de Haia, conta como foi o período eleitoral na sua cidade. “Eu moro em Haia, só que todos os votos foram em Amsterdam. Não teve comemoração na rua, pelo menos aqui em Haia, mas eu sei que tiveram bares brasileiros em que as pessoas foram ver o resultado juntas. Na Holanda, foi uma eleição bastante comentada, porque o Brasil tem uma grande importância no cenário internacional, e o Lula ter sido eleito foi um alívio”. 

Com tantas propostas sendo elaboradas, o futuro presidente definiu prioridades para começar a combater os problemas existentes. O meio ambiente e a segurança alimentar, por exemplo,  estão presentes a todo instante nas falas de Lula. Os danos que os últimos quatro anos de desmatamento deixaram, foram mais do que suficientes para que o exterior considerasse o Brasil uma ameaça para a Amazônia. Dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) concluíram que a área de floresta desmatada da Amazônia em 2022 foi a maior dos últimos 15 anos. Karla Gobo, cientista política, analisa que “se o Brasil continuasse tratando a pauta ambiental como vinha tratando, certamente os prejuízos com parceiros internacionais só iriam crescer”. 

A fome no Brasil também é uma das pautas de Lula e foi um dos principais tópicos explorados durante toda a campanha do petista. De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, da rede Penssan, cerca de 125,2 milhões de brasileiros vivem algum grau de insegurança alimentar, em 2022. Isso afeta diretamente as relações internacionais, e consequentemente a economia e a qualidade de vida do país. Segundo Vinicius, com a nova Presidência, “o mundo vai olhar para o Brasil com um pouco mais de esperança”.

Reportagem: David Silva e Sarah Soares
Supervisão: Clara Glitz e Gabriel Rechenioti

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