Deslizamento de pedra na comunidade Pedro Américo 715 preocupa moradores
Compartilhar
Foto: Miguel Andrade
Um desmoronamento de pedra assustou os moradores da comunidade Pedro Américo 715, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no último dia 12 de maio. Após a tragédia, 12 casas foram interditadas pela Defesa Civil do estado. O evento recente revela um problema que persiste há mais de um ano: em 8 de fevereiro de 2023, um deslizamento de terra por excesso de chuva no mesmo local causou a morte de José Diniz, aos 82 anos.
Morador da comunidade Santo Amaro, próxima à 715, Ismael Silva conta que ouviu um estrondo muito alto, semelhante ao de um trovão. Pouco tempo depois, recebeu mensagens de moradores da comunidade 715 e descobriu que se tratava de um deslizamento de rocha: “No mesmo dia, os bombeiros estiveram no local, mas fizeram apenas um trabalho visual à distância através de lanternas, pois já estava escuro e não tinha como saber a dimensão do ocorrido”. Segundo Ismael, o local só foi evacuado no dia seguinte, segunda-feira, com a presença da Defesa Civil Estadual.
Reprodução: registro de um morador
O incidente aconteceu durante o período de estiagem, não houve chuva nos dias anteriores. De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura, via X (antigo Twitter), a cidade do Rio de Janeiro estava sem chuvas desde o dia 25 de abril, com previsão de uma frente fria, seguida por chuva fraca e ventos moderados a fortes, para o dia 14 de maio. No domingo (12), a cidade totalizava 17 dias sem chuva – o maior período desde janeiro de 2021 – e teve temperatura mínima de 20⁰C e máxima de 37⁰C graus, segundo o Climatempo.
Renata Oliveira, vice-presidente do Coletivo Ame o Santo Amaro, relata que as 12 casas abaladas ficam na região da colina e considera a ação da Defesa Civil tardia. Para Renata, o acompanhamento do poder público deveria ser mais frequente para garantir o bem-estar da comunidade e do entorno: “Quem sobe o morro do Santo Amaro, inclusive a Pedro Américo, vê que existe outra lasca de pedra que pode eventualmente cair, e eu acredito que a Defesa Civil tenha noção disso”.
Cinco dias após o deslizamento, no dia 17 de maio, a Defesa Civil Municipal realizou um treinamento na quadra da comunidade, que serve como local de apoio, para dar instruções sobre como agir em situações de emergência. A ação, que já estava planejada antes do incidente, teve início às 10h da manhã e, devido ao horário escolhido, contou com a presença de poucos moradores. Para Ismael, essas iniciativas são importantes, mas insuficientes: “O poder público deveria agir de forma preventiva, afastando as casas próximas à rocha e fiscalizando obras irregulares no local para evitar futuras tragédias”.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a responsabilidade de realizar ações de prevenção e vistorias é da Defesa Civil Municipal, de modo que a instituição estadual só deve atuar no momento do desastre. No entanto, desde a morte de José Diniz, em 2023, 459 dias se passaram sem medidas efetivas até o deslizamento do último dia 12. Em nota à Band News, a Defesa Civil informou que, após o incidente, oito famílias foram atendidas no local pela Secretaria de Assistência Social. Já a Geo-Rio declarou ter iniciado os levantamentos geológicos que vão subsidiar o projeto de contenção do local.
Reportagem: Duda Reis, Miguel Andrade, Taís Vianna e Vinicius Nunes
Supervisão: Davi Rosenail