Conheça as ações da prefeitura e do governo do estado para enfrentar o calor extremo no Rio
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A cidade do Rio de Janeiro bateu um novo recorde de temperatura nesta segunda-feira (17), atingindo a marca de 44°C. Esse nível de calor levou o Centro de Operações e Resiliência da Prefeitura (COR-Rio), a classificar a cidade como em estágio de “Calor 4”.
Diante desse cenário,o prefeito Eduardo Paes anunciou medidas a serem adotadas para mitigar os efeitos da alta temperatura. Além das recomendações mais básicas, como aumentar a ingestão de água, usar filtro solar e roupas leves, a prefeitura disponibilizou ambientes com sistema de refrigeração, para funcionarem como pontos de resfriamento, descritos como “ilhas de resfriamento”. Ao todo, o governo municipal anunciou 58 locais com este tipo de serviço espalhados pela cidade.
O “Calor 4”, é o quarto estágio na escala de cinco níveis de calor estabelecidos pelo COR-Rio. Essa classificação é utilizada para apresentar um índice de temperaturas elevadas, com variação entre 40°C e 44°C. A previsão é de que essa condição persista ou se intensifique por pelo menos três dias consecutivos.
Álvaro Antônio Ferreira, recepcionista da sede Parques e Jardins do Campo de Santana, disse que a unidade já fornecia água e ponto de resfriamento antes da cidade registrar o nível “Calor 4”. Segundo ele, a procura aumentou esta semana, sobretudo por idosos e pessoas em situação de rua que frequentam o espaço. A unidade possui um bebedouro de livre acesso, além de ambiente refrigerado com ar-condicionado. Entretanto, Ferreira comenta que há alguma restrição para circulação de pessoas no local, devido ao espaço pequeno. Além disso, ele destacou o episódio em que uma estagiária da sede teve seu telefone furtado, o que aumentou o rigor de fiscalização.

A prefeitura disponibilizou galão de água em ambiente refrigerado na sede do Parques e Jardins do Campo de Santana (Foto: Arthur Zanotelli)

Sede da unidade Parques e Jardins do Campo de Santana (Foto: Arthur Zanotelli)
Apesar da necessidade de iniciativas como essa, Ingrid Villela – oficial do corpo de bombeiros, acredita que estas ações do poder público estão sendo pouco divulgadas e mal sinalizadas. Ela diz que atravessa o Campo de Santana como rota de passagem para seu trabalho, e confessa que não visitou o ponto de resfriamento oferecido por lá. “Para um primeiro momento [a iniciativa das ilhas de resfriamento] é OK, mas acho que deveriam estender esses pontos de resfriamento o verão todo, porque a cidade está muito quente”, completa.
Em suas redes sociais, a Secretaria de Meio Ambiente e Clima da Prefeitura do Rio (SMAC) publicou iniciativas de equipes do Centro de Educação Ambiental (CEA) na tarde desta terça-feira (18). Dentre elas, esforços para conscientizar a população sobre as ilhas de resfriamento, e a importância de se hidratarem nestes dias de calor extremo. As visitas dos agentes da prefeitura ocorreram no Parque da Chacrinha e no Parque Natural Municipal Chico Mendes, localizados nos bairros de Copacabana e Recreio dos Bandeirantes, respectivamente.
O governo do estado do Rio também adotou medidas para amenizar os efeitos provocados pelas altas temperaturas. Em alguns locais, a exemplo da Cinelândia, no centro do Rio, a Cedae (Companhia Estadual de Águas e Saneamento do Estado do Rio de Janeiro) instalou pontos com oferecimento de água gratuito para os transeuntes. A previsão é de que tais pontos de hidratação sejam mantidos até o final da semana.
O ator Carlos Tonelli elogiou estas iniciativas do poder público estadual e municipal, mas acredita que são apenas um mitigador do problema, agravado pela crise climática. Tonelli também critica a escassez de banheiros públicos na cidade, o que pode desencorajar as pessoas a visitarem estes pontos de hidratação, sobretudo as mais idosas. Ele julga tais medidas como insuficientes para combater o calor excessivo na capital. “O que é eficiente são as políticas climáticas – medidas como essa apenas atenuam o problema”, avalia.
O Memorial Getúlio Vargas, na Glória, anunciou a suspensão de suas atividades hoje e amanhã (19) devido às altas temperaturas. A decisão foi tomada “para o conforto térmico do público”, conforme comunicado em suas redes sociais. No atual cenário da cidade, existe ainda a possibilidade de cancelamento ou reagendamento de eventos de médio e grande porte caso as temperaturas continuem aumentando.

O Memorial Getúlio Vargas permanecerá fechado até quarta-feira (19) (Foto: Carlos Colla)
Pedro Rivas, professor e autor do Dá Tempo Podcast, que suscita debates sobre meio ambiente e sustentabilidade, aponta que os cariocas sentem essa onda de calor de maneiras distintas. Segundo ele, bairros periféricos, que tendem a ser pouco arborizados, sofrem mais com os efeitos nocivos do calor. Nestes locais, a temperatura pode estar até dez graus celsius acima da média.
Foto: Arthur Zanotelli e Carlos Colla
Reportagem: Arthur Zanotelli, Laura Araújo, Luana Bentes e Vinicius Nunes
Supervisão: Ana Lúcia Araújo