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Equidade racial e de gênero nas redações

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“Eu vejo o jornalismo de fato como um transformador social, que não só pauta essa transformação a partir da cobertura, mas ele é a transformação em si.” A afirmação é da jornalista Marilia Moreira, diretora institucional do Instituto AzMina, focado na cobertura de temas diversos com recorte de gênero. Ela apresentou a sessão de Diálogos e Tendências “Equidade racial e de gênero nas redações é possível”, ao lado da diretora e cofundadora da Agência Mural, Cíntia Gomes, neste sábado (7), segundo dia do Festival 3i 2025.

Marilia Moreira, diretora institucional do Instituto AzMina, e, Cíntia Gomes, diretora e cofundadora da Agência Mural. Foto: Kaylane Pedroso

Para contextualizar, Gomes apresentou os dados da pesquisa “Perfil do Jornalista Brasileiro (2021)”, liderada pelo Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro/UFSC), em parceria com a Rede de Estudos sobre Trabalho e Profissão (RETIJ) e a Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor). A análise mostrou que, de 2012 a 2021, houve um crescimento de jornalistas negros (de 23% para 30%) e que, no Brasil, a imprensa é composta  majoritariamente por mulheres (58%), brancas (68,4%), solteiras (53%), com até 40 anos. Apesar da presença feminina ser maioria, as mulheres não assumem cargos de liderança, têm a tendência de sair mais cedo do jornalismo e ganham menos em relação aos homens. 

Sob a perspectiva racial, ainda persistem barreiras significativas no campo da comunicação. Entre os principais desafios enfrentados estão a dificuldade de inserção no mercado jornalístico, a discriminação e a limitação no acesso a cargos de liderança. Diante desse cenário, torna-se evidente a necessidade de promover um olhar mais atento e comprometido com a diversidade nas redações. “Quem pauta o jornalismo, pauta também o olhar da sociedade, com quem a gente dialoga”, destaca Gomes.

A Mural é uma agência de notícias, de informação e de inteligência sobre as periferias das cidades da Grande São Paulo. A equipe é composta por 72% de pessoas negras, e as mulheres são maioria. A instituição representa as regiões periféricas com menos acesso aos direitos, negligenciadas pela imprensa em geral, cujas histórias têm menos visibilidade. “Não é só você colocar uma pessoa negra. É a gente entender que também deve investir para que esses jovens que estão chegando sejam lideranças”, destaca a diretora institucional do veículo. 

Para Moreira, da AzMina, no mercado atual de jornalismo, existem profissionais diversos dentro das grandes redações e que manifestam interesse pelas pautas sociais, mas que nem sempre conseguem emplacá-las. “Se a gente fala de empresas privadas, de organizações com fins lucrativos, muitas vezes o conteúdo está muito focado no que vai dar retorno financeiro e as discussões mais estruturais e amplas não têm nem espaço.” 

Marília Moreira, diretora institucional do Instituto AzMina, focado na cobertura de temas diversos com recorte de gênero. Foto: Kaylane Pedroso

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Matéria produzida pela equipe do Portal de Jornalismo ESPM-Rio, em uma parceria com a Associação de Jornalismo Digital (Ajor). 

 

Capa: Kaylane Pedroso

Reportagem: Julia Motta

Supervisão: Guilherme Costa

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