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A credibilidade das pesquisas eleitorais

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Neste domingo (30) acontecerá o segundo turno das eleições presidenciais. Os principais institutos de pesquisa brasileiros já divulgaram as porcentagens das intenções de voto dos eleitores. Entretanto, tais pesquisas se mostraram inconsistentes quanto às previsões eleitorais publicadas acerca do primeiro turno, gerando desconfiança por parte dos votantes.

No dia 1 de outubro, a Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica) divulgou a última pesquisa de intenções de voto para o primeiro turno. As informações foram coletadas entre os dias 27 e 29 de setembro e indicaram os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva com 51%, Jair Messias Bolsonaro com 43% e 4% de brancos/nulos. No mesmo dia, o Datafolha também divulgou suas últimas previsões. A pesquisa indicou que Lula apresentaria 50% dos votos, Bolsonaro, 36%, e Simone Tebet, 5%.

No entanto, há uma diferença significativa entre as intenções de votos divulgadas pelos institutos e o real desfecho. O primeiro turno teve como resultado o petista com 48,4% dos votos, o representante do PL com 43,2% e Tebet com 4,2%.

Imagem: Poder360

As pesquisas usam bases científicas para aproximar os dados de coleta das intenções de voto, com a real representação da sociedade, como gênero, etnia, escolaridade, e outras variáveis. É diferente de uma pesquisa de opinião, que utiliza uma amostra sem realizar recortes da população brasileira. 

Segundo o jornalista e professor Leonardo Mancini, existem três problemas que podem indicar a diferença entre as pesquisas de intenção de voto e o resultado das eleições no primeiro turno: a desatualização do censo do IBGE, a falta da participação dos eleitores do Bolsonaro nas pesquisas e a abstenção de votos.

Essa desatualização foi um fator na divergência do resultado do primeiro turno, de acordo com a cientista política Karla Gobo. Isso porque a construção da amostra de pesquisáveis foi baseada no censo de 2010, ou seja, desconsidera as mudanças sociais, políticas e econômicas ocorridas nos últimos 12 anos. Karla também acrescentou que essas empresas como DataFolha e Ipec não predizem o resultado eleitoral: “A última pesquisa foi a campo há pelo menos dois dias antes das eleições, não tivemos uma pesquisa ‘boca de urna’ para medir as intenções do eleitorado no dia do pleito. Com a velocidade de tráfego de informações, isso também precisa ser considerado”, comenta. 

Além disso, a falta de participação dos eleitores do Bolsonaro também é um fator para a inconsistência nas pesquisas, afirma o cientista político Edson Mendes Júnior: “Isto pode representar, por exemplo, uma dificuldade no recolhimento de dados e acesso aos eleitores de um candidato. O voto da extrema-direita, que é, muitas vezes, um ‘voto envergonhado’, também pode explicar parte dos motivos para a divergência.”

Para Mateus Mendes, mestre em ciências políticas e doutorando em economia política internacional, o que há de fato é um comportamento novo, marcado por um processo em que a extrema direita avança e a pesquisa não consegue registrar. Mateus ainda adiciona que a pesquisa é, antes de tudo, científica. É um instrumento que historicamente se mostra eficiente e que, se não o está demonstrando agora, os métodos podem ser alterados.

Por outro lado, os eleitores também emitiram opiniões sobre o assunto. Maria Elisa Gorges, eleitora do Lula, declarou que tem o hábito de acompanhar as intenções de voto semanalmente e acredita que as coletas deste ano foram dentro do esperado, com o fator do “voto envergonhado” sendo o principal motivo para a diferença de porcentagem. Já Vinícius Rocha, que preferiu não explicitar seu voto, contou que, para ele, as pesquisas podem ser fraudulentas, sendo enviesadas pelas empresas de acordo com seus próprios interesses. “A ineficácia natural de atribuir à população o comportamento da amostra que foi extraída. Talvez dolo também, mas aí seria algo a ser investigado”, acrescentou.

Supervisão: Anna Julia Paixão e Maria Eduarda Martinez

Reportagem: Gabriela Arditti, Julia de Paulo e Vitor Renato

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