Crítica: Rivais
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Lançado no dia 25 de abril nos cinemas, “Rivais”, do renomado diretor Luca Guadagnino, criou uma legião de admiradores.
O filme conta a história de três tenistas: Tashi Duncan, Art Donaldson e Patrick Zweig. Art e Patrick são melhores amigos, se conheceram quando adolescentes e são inseparáveis, até encontrarem Tashi. O encontro inicial acontece em um torneio de tênis, no qual Patrick faz questão de assistir a uma partida de Tashi, apresentando a jovem a Art. Tashi é extremamente talentosa, e seduz os meninos de todas as formas. Assim começa uma eterna disputa de amor, poder e desejo.
Após avistar Tashi jogando, os melhores amigos se veem atraídos por ela como um imã, a encontram em uma festa, se apresentam e tentam prolongar o contato ao máximo. Em determinado momento da noite, eles acabam tendo uma conversa profunda e intimista em uma praia, que finaliza com Patrick convidando Tashi para o quarto que os meninos estão, já que os três estão hospedados no mesmo hotel.
É uma surpresa quando ela de fato aparece. Os três se envolvem de uma forma singular, o que satisfaz Tashi, mas causa estranhamento nos meninos. Ao ser questionada qual seria “o escolhido” ela aposta seu número de celular em uma partida na qual eles se enfrentam no dia seguinte. Patrick ganha a partida e a garota. Eles engatam em um relacionamento intenso, egocêntrico e distante, já que Tashi está na faculdade e o menino joga ao redor do mundo.
O plot twist do filme é uma partida que Tashi joga na faculdade. Patrick se organiza para encontrá-la e assistir essa partida, porém, o casal acaba brigando. Essa discussão os força a colocar o relacionamento acima do ego, o que eles falham em fazer. Patrick então decide não ir à partida, que seria a última da namorada, já que ela se machuca e não consegue se recuperar o suficiente para voltar às quadras.
Com o término do casal, Art se aproxima de Tashi e se afasta do melhor amigo. Os dois parecem desenvolver uma certa repulsa por Patrick, como se o culpassem pelo acidente. Eventualmente, Tashi vira treinadora de Art, se casa com ele e tem uma filha.
Ao colocar os relacionamentos de Tashi com cada um dos meninos lado a lado, fica gritante o motivo da menina ter se casado com Art. Por conta de seu talento, a menina ao longo do tempo se acostumou com um fanatismo muito grande por parte do público, idolatria que Patrick nunca demonstrou, diferentemente de Art que sempre foi o seu maior fã. A quase ignorância do ex-namorado, deixa Tashi furiosa e ofendida, enquanto a admiração de Art a deixa confortável e entediada.
Anos passam, Art recebe um grande reconhecimento e Patrick acaba perdendo destaque. Com o passar da carreira, a tenista começa a perder o brilho pela profissão, o que o desmotiva e tira a vitória de suas mãos. Preocupada com a carreira do marido, Tashi inscreve Art em um campeonato de baixo escalão, chamado “Challengers”, o que dá o título original ao filme. O reencontro resgata para a superfície sentimentos e intrigas que estavam profundamente enterrados.
“Rivais” é um filme excepcional, e existem alguns fatores que contribuem para isso. O roteiro brilhante de Justin Kuritzkes traz diálogos inteligentes e provocativos. A direção ímpar de Luca Guadagnino entrega uma cinematografia característica e deslumbrante. A trilha sonora dançante e profunda de Trent Reznor e Atticus Ross nos envolve de forma inesperada. E claro, a atuação sublime de Zendaya (Tashi Duncan), Mike Faist (Art Donaldson) e Josh O’Connor (Patrick Zweig), que nos faz os amar, odiar e os desejar a todo momento.
Luca usa muitos takes em câmera lenta, o que contribui para o nervosismo e para a relutância, sentimentos que se tornam impossíveis de fugir ao assistir ao filme. As partidas de tênis são extremamente bem feitas, com takes rápidos e súbitos. A câmera ocupa a posição da bola, o que causa no telespectador uma adrenalina significativa.
Um filme que deixa qualquer um surpreso, seduzido e apaixonado por tênis.
Crítica: Carolina Dorfman
Supervisão: Davi Rosenail e Joana Braga