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Crítica: Cidade de Deus

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O filme “Cidade de Deus” completou 22 anos no último dia 30. Aclamada pelo público, a obra retrata a história de moradores da favela Cidade de Deus e as batalhas que enfrentam por serem de um lugar negligenciado pela sociedade.

O longa começa com uma cena de perseguição a uma galinha, em que bandidos tentam capturá-la. Em meio ao caos retratado, o animal vai de encontro ao personagem central da história, Buscapé; um jovem negro, morador da favela Cidade de Deus, que sonha em ser jornalista e fotógrafo profissional. Os criminosos, encarregados de cobrarem o menino a encontrar o animal, chegam logo em seguida e terminam em um encontro inesperado com a polícia. Encurralado, Buscapé se encontra em uma situação delicada, que expressa a condição enquanto morador de favela no Rio de Janeiro. Afinal, está sujeito a violência tanto dos criminosos quanto do Estado.

O protagonista volta ao passado e conta a história desde a formação da comunidade até os tempos atuais. A narrativa construída ao longo do filme mostra que a formação daquele espaço, em termos geográficos e culturais, está ligada à falta de amparo à população e como o crime se desenvolveu nesse ambiente. Buscapé apresenta Cabeleira, Alicate, Marreco e Zé Pequeno – traficantes que estiveram presentes na vida dele. Além disso, ele também relata a trajetória da sua carreira como fotógrafo, capturando as imagens impactantes que via no lugar onde morava. A obra obteve destaque por não poupar esforços para ilustrar a vida sofrida do morador da comunidade. Cenas como a de bandidos matando inocentes e de policiais sendo subornados,mostra que todos lá estavam sujeitos a violência.

Um ponto curioso sobre o filme foi a composição de seu elenco. Ao selecionar os atores e atrizes para os personagens moradores de Cidade de Deus, a direção de Fernando Meirelles e Kátia Lund escolheu moradores da própria comunidade para os papéis. Através de oficinas preparatórias para o filme, esta abordagem visou trabalhar com profissionais que estivessem cientes daquela realidade a ser retratada na obra. Apesar da inexperiência, o elenco recebeu destaque na crítica especializada, e encantou os espectadores.

O filme visceral e impactante, promove a reflexão sobre a realidade árdua das comunidades periféricas, que muitas das vezes são ignoradas pelo sistema por não ser do interesse das elites. No entanto, “Cidade de Deus” busca abrir os olhos do espectador, e conscientizar o público sobre a triste realidade vivida por aqueles negligenciados pelo Estado.

Crítica: Guilherme Martins 

Supervisão: Joana Braga e Vinicius Nunes 

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