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Festivais pós-pandemia: entre o palco, o post e o público crítico

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A cobertura e a produção de festivais culturais vivem um período de transformação, sendo motivada pelo pós-pandemia, pela força das redes sociais e pelo perfil de um novo público. Foi sobre esse cenário que as comunicadoras Ágata Cunha, sócio fundadora e diretora de comunicação de GIRA Hub, e a repórter de entretenimento do g1, Carol Prado,  debateram no último dia da Semana do Jornalismo da ESPM-Rio, na mesa: “Entre a notícia e o palco: bastidores da cobertura e produção de eventos culturais”, mediada pelo estudante de jornalismo Adercino Orçay.

“No pós-pandemia, todos que estavam confinados ficaram com aquele pensamento de vamos viver o que não vivemos e consequentemente, temos que postar. Porque se eu não postar, estou fora do cenário”, explicou Ágata Cunha sobre esse movimento do público ao voltar a frequentar os festivais com o desejo de experimentar todas as ativações, tirar fotos em todos os pontos e, assim sendo, postar em suas redes sociais. Dessa maneira, os produtores tiveram que repensar a estrutura dos festivais, a fim de tornarem os locais e as interações atrativas para os determinados públicos.

Carol Prado a esquerda, acompanhado de Ágata Cunha e Adercino Orçay, durante a mesa realizada de forma remota na Semana do Jornalismo ESPM-Rio.

 

Os bastidores também mudaram. O aumento de festivais e shows gerou uma sensação de saturação, tanto entre artistas quanto entre produtores. “Qualquer festival, de qualquer tamanho, é uma tensão constante. Existe uma pressão enorme para que tudo funcione”, explicou Ágata. E de um outro lado, essa sensação de repetição, acaba se desenvolvendo para que o público passe a ter um posicionamento crítico mais aguçado.

Ainda nessa questão do público, um fator muito marcado pela Carol e Ágata foi a mudança etária do público que consome os festivais. “Não cresci ouvindo certos estilos, mas precisei entender o fenômeno e o público. O desafio é traduzir isso com uma linguagem clara.”, comentou Carol Prado, sobre a presença de público jovem, que cada vez mais está presente e influente, e acaba ditando novas tendências. 

Outro ponto discutido foi o protagonismo dos influenciadores digitais na cobertura de eventos. Carol observou que, atualmente, muitos festivais dão mais espaço a criadores de conteúdo do que a jornalistas: “O público consome mais cultura vinda dos influenciadores do que dos veículos tradicionais. Isso obriga o jornalismo a se reinventar.”, comentou ela. Já Ágata acrescentou que o papel da assessoria é essencial nesse processo, criando pautas que os jornalistas possam transformar em histórias de fato relevantes. “A assessoria propõe, o jornalista filtra. É uma troca que precisa de equilíbrio.” 

Além disso, Ágata também comentou sobre os desafios de dividir espaço entre jornalistas e influenciadores: “Se você não tiver um diploma, você não tem conhecimento básico da comunicação. Então eu acho que podem viver juntos mas não ser mais importante que uma cobertura jornalística.”

Por fim, ambas deixaram um conselho para quem deseja entrar nesse meio: começar pequeno, mas começar. “Não esperem o convite. Comprem o ingresso, cubram um show por conta própria, escrevam para sites menores e criem suas próprias redes. É assim que se cria repertório e visibilidade”, incentivou Ágata.

Capa: Arthur Zanotelli
Reportagem: Bebeto de Pinho e Taís Vianna

Supervisão: Vinicius Carvalho

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