Com Viola Davis, “A Mulher-Rei” chega hoje aos cinemas
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Hoje, dia 22 de setembro, o filme “A Mulher-Rei” chega aos cinemas brasileiros. Estrelado e produzido pela ganhadora do Oscar Viola Davis, o longa conta a história das temidas guerreiras Agojie, responsáveis por proteger o reino africano de Daomé, atual Benin; Viola interpreta Nanisca, a líder da guarda. Na estreia estadunidense, a produção ficou em primeiro lugar nas bilheterias, gerando mais de 19 milhões de dólares.
Na última segunda-feira (19) foi realizada uma coletiva de imprensa para promover o filme, no Belmond Copacabana Palace, Rio de Janeiro. O Portal de Jornalismo esteve presente no evento, e traz mais informações sobre o longa, seu processo de produção e temáticas, provenientes da atriz e de um dos produtores, Julius Tennon.
Foto: Anna Julia Paixão
O filme começou a ser idealizado em 2015, após a produtora Maria Bello, em viagem para a África Ocidental, se deparar com histórias reais de mulheres que lutavam pelo seu reino. Ao ser perguntado sobre quais dificuldades encontrou ao tentar tirar o longa do papel, Julius afirmou: “demoramos sete anos para conseguir fazer o filme. Tivemos muitos desafios, é difícil fazer filmes sobre pessoas não-brancas em Hollywood, mas mantivemos o foco e o resultado é emocionante.”
Uma das maiores questões acerca do longa é a representatividade de pessoas pretas em papéis fortes em grandes filmes. Durante a entrevista, a atriz ressaltou a importância da obra, especialmente para mulheres pretas: “espero que este filme ajude as mulheres negras a explorar esse espírito guerreiro que elas carregam dentro delas, […] é muito importante para elas verem que podem liderar uma bilheteria global, sozinhas. Não precisa ter uma presença masculina, nem mesmo uma presença branca, são só elas, elas são o foco.”
Ainda no tópico da diversidade (ou falta dela) em Hollywood, o produtor ressaltou que é importante que oportunidades sejam dadas a pessoas não-brancas: “diretores e atores negros em Hollywood têm que seguir seu próprio caminho. Nunca é fácil, mas eles precisam avançar e navegar para uma posição em que possam começar a trabalhar. É por isso que é importante dar oportunidades a todas as pessoas não-brancas. Eles têm o conjunto de habilidades, o talento, eles só precisam de uma chance de brilhar.”
Quando questionada sobre a relação do Brasil com a obra, a atriz destacou que um dos maiores ensinamentos que o longa trouxe para ela é a união entre pessoas pretas, e esse fator é ainda mais importante em um país onde a população é majoritariamente negra.
Após o anúncio inicial da produção, houveram controvérsias em torno do seu título, por combinar mulher com rei, ao invés de rainha. Viola afirmou que esse não é o ponto em que as pessoas deveriam estar focando quando pensam no filme: “as pessoas ficam tão presas à palavra rei, ao contrário de por que ela não é rainha, quando na verdade sempre houve um líder masculino e feminino em todo o reino. O que isso sugere para mim é que a palavra diz muito. Eu sou um general, eu ganhei isso. Então, uma parte de mim sente que a Mulher-Rei sugere que havia algo mais na história que essa mulher ganhou. Que elas eram o tópico de conversa de quem elas estavam liderando. Não a parceira (risos), não a segunda no comando, mas a líder. E há algo intrigante nisso, porque geralmente somos sempre secundárias, como mulheres.”
Mesmo sendo promovido como um filme de ação, Viola destacou que para ela, ele é muito mais que isso: “Eu não chamaria este longa apenas de um filme de ação. Eu rejeito isso. Acredito que seja um drama histórico de ação. Eu acho que é redutivo dizer que é de ação.” É comum, também, que mulheres protagonistas de obras desse gênero sejam sempre questionadas sobre como entraram em forma, suas dietas e rotinas de exercício. Viola rejeitou esse ideal, afirmando que a parte física, mesmo que árdua, foi apenas uma parte da preparação; além disso, houve um grande preparo emocional e estudo de dialeto.
Além de Viola Davis, “A Mulher-Rei” é estrelado por Thuso Mbedu, Lashana Lynch, Sheila Atim, Hero Fiennes Tiffin e John Boyega. Conta com a direção de Gina Prince-Bythewood e roteiro de Dana Stevens.
Reportagem: Anna Julia Paixão
Supervisão: Clara Glitz e Maria Eduarda Martinez
Foto de capa: Divulgação