Uma passarela cercada por constelações e misticismo: tudo sobre a coleção ‘Gucci Cosmogonie’
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Mergulhando em um mundo místico e cheio de estilo, o desfile da Gucci, apresentado na quarta-feira, dia 16, no Castel Del Monte, região da Puglia, na Itália, nos apresentou uma nova amostra do universo fantasioso repleto de brilho do estilista italiano, Alessandro Michele. Batizado como ‘Cosmogonie’, a mais nova coleção dele foi uma das mais complexas de sua carreira e botou todos os súditos da Gucci aos seus pés.
A nova coleção do estilista é um estudo sobre cosmogonia e mitos, que foi inspirado por um texto da filósofa Hannah Arendt sobre Walter Benjamin, que também é filósofo e sua conexão com as constelações. “Para Benjamin, a constelação é uma aparição súbita, cheia de tensões. É aquilo que surge da capacidade de extrair conjunções entre fragmentos de mundos que, de outra forma, estariam dispersos: uma poeira fumegante de citações que queima na possibilidade de um contato”, afirma Alessandro.
Com direito a um céu estrelado nas grandiosas paredes do Castel Del Monte, o estilista trouxe uma nova perspectiva da moda contemporânea, resgatando e inovando estilos que não se via mais nas passarelas, utilizando o styling em clima fetichista, ele nos apresentou peças marcadas por recortes, rendas, luvas de látex, cetim, transparências e mangas bufantes.⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
O local escolhido não poderia ser mais perfeito. Construído por volta de 1240, Castel del Monte tornou-se a sede oficial da corte de Frederico II di Svevia de Hohenstaufen, soberano do Reino da Sicília. O monarca, apelidado de ‘Stupor Mundi’ (maravilha do mundo), deixou como herança todo o mistério que cercava seu castelo e sua figura. Então 800 anos depois, em uma noite, o local novamente fez história dando lugar para o talento de Alessandro.
A coleção nos apresentou diversas estampas gráficas, que criaram um forte contraste entre o místico e o tecnológico. Esse grafismo ficou cada vez mais presente nas roupas que tinham duas cores com grande diferença entre uma e outra, como preto e branco ou preto e vermelho. Alessandro também brincou com os períodos de tempo através de acessórios nas roupas, como golas arredondadas, mesclando peças do contemporâneo com o antigo.
O público do desfile contou com diversas celebridades vestindo os principais designs da Maison, apareceram nomes como Bethann Hardison, conhecida por ser uma das primeiras modelos negras de alto perfil após sua aparição no desfile de moda da Batalha de Versalhes em 1973. A atriz Elle Fanning, a banda italiana Måneskin e a cantora Lana Del Rey e sua irmã, Chuck Grant, também marcaram o evento com sua presença.
Confira agora os melhores looks da coleção:
Tivemos os recortes muito presentes nas produções, uma tendência que vem voltando desde o ano passado, ganhando novas formas em decotes em losangos e barrigas à mostra. Mesmo as peças mais formais não ficaram de foram, algumas receberam aberturas que colocaram a pele para jogo.
O jeans também estava muito presente na passarela, dando um toque mais casual à coleção, jaquetas e calças ganharam um novo sentido quando se juntaram a elementos mais luxuosos, como rendas, bordados, tule e paetês. Provando ser um material completamente versátil e que sempre combina com tudo, Alessandro conseguiu trazer ainda mais brilho à peça.
O que chamou bastante a atenção foi a volta das pelúcias, que prometem ser a febre da estação, desfilaram em casacos cheios de volume e cor. Flertando com a alta costura, os looks trouxeram ao desfile uma sensação chique e elegante. O perfil @fash.insider, que faz análises de moda no Instagram, explica que essa coleção foi inovadora: “Acho que essa é diferente, tanto no conceito tão histórico mas ainda assim muito moderno, o trabalho minucioso dos recortes, o styling em cheio. Acredito que essa coleção superou as anteriores por todo o contexto.”
O fetichismo, característica muito presente nos trabalhos de Michele, aparece em tecidos mais leves e transparentes, botas pretas com amarrações na frente, luvas longas de látex e lingeries. Peças que quebraram o gelo no desfile e trouxeram um ar mais sexy e ousado para as passarelas.
E dando jus ao nome da coleção, Alessandro foi perspicaz criando peças que mostraram sua própria interpretação do cosmos. Com vestidos brilhantes e reluzentes, o estilista mostrou em peso todo seu talento com roupas de tirar o fôlego. O perfil de moda também comenta sobre todo o empenho que ele colocou na produção dos looks: “O Alessandro Michele trouxe muita inovação e complexidade nas peças. É um desfile denso, com muita informação, arte e história que se traduziu brilhantemente nas roupas.”
Reportagem: Fabiano Cruz
Supervisão: Brenda Barros
Crédito da foto de capa: Reprodução/Gucci