Um Natal Nada Nacional
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Os filmes natalinos são um clássico de final de ano. Há quem queira assistir às produções mais famosas e quem espere a chegada de novembro e dezembro para curtir estreias. No entanto, grande parte desses filmes são americanos e retratam histórias muito distantes do natal brasileiro.
Em 2020 foram cerca de 90 lançamentos internacionais e apenas 1 brasileiro. Mesmo assim, “Tudo bem no natal que vem”, uma das únicas produções nacionais, teve 26 milhões de visualizações na Netflix. Em contrapartida, no ano de 2021, a lista de lançamentos natalinos da plataforma conta com 28 títulos, mas nenhum deles é nacional.
O professor de cinema, Simplício Neto, explica a escolha dos espectadores e completa que as plataformas podem prejudicar as produções brasileiras: “As pessoas têm muito prazer em ver o filme de natal americano e com a Netflix servindo, nesse momento, é até ruim para o audiovisual nacional”. Segundo ele, fontes de patrocínio não estão produzindo filmes independentes.
O Natal é uma data muito relevante, seja por conta da religião ou pela oportunidade de reunir a família. É inegável que esse feriado é celebrado em grande parte das casas do mundo e, no geral, os filmes natalinos retratam essa celebração e união. Para Thamires Siqueira, fã desse tipo de produção, o que mais a atrai é o sentimento que vem com o fim do ano: “Chega novembro e tá todo mundo já ansioso para maratonar todos os filmes possíveis porque eles passam a sensação de que o fim do ano chegou e que finalmente todo o esforço do ano inteiro tem uma recompensa”, conta.
Entretanto, mesmo com todo o sucesso desse gênero cinematográfico, as produções brasileiras ainda são muito raras. No ano passado, foram lançados os únicos três filmes nacionais de natal, mas somente um deles fez tanto sucesso. “Tudo Bem no Natal Que Vem”, protagonizado por Leandro Hassum, atingiu o Top 1 do Brasil no dia seguinte ao lançamento na Netflix.
A falta desses filmes é consequência da baixa procura da população, principalmente por os filmes de Natal serem sinônimo de tradições estadunidenses. Ana Cecília Gandra também é fã do gênero e demonstra que o olhar americano é o que chama sua atenção, então produções nacionais não fariam tanta diferença. “Acredito que filmes natalinos que transparecem a essência do brasileiro poderiam dar muito certo. Então deveriam ter outros filmes, mas não me incomoda a falta deles porque o que me atrai nessas produções é a estética do hemisfério norte, como frio e neve”, diz.
No Brasil, a data comemorativa em foco nas telonas é, na maior parte do tempo, o Carnaval, mas o streaming chegou para trazer uma nova tradição de comédias natalinas. Simplício explica: “O impacto desses filmes, sempre positivo, vai trazer uma nova linha de diálogo com a população, com o público brasileiro, que realmente está vindo esses filmes de natal pelo streaming.”
Reportagem: Bruna Bittar | Fabiano Cruz | Gabriel Mota | Henrique Fontes | Thaís Soares.
Supervisão: Brenda Barros | Juliana Ribeiro | Felipe Roza.