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Nacionalidade e religião: crime ou livre arbítrio

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Foto: Gabriela Biló

Uma boa parte do mundo ocidental não conhece as diferenças entre nacionalidade e religião, principalmente se tratando de países árabes. Com o início da Copa do Mundo no Catar, uma antiga discussão voltou a ser pauta nas mídias sociais sobre a cultura e religião dos habitantes desses países. Afinal, qual a diferença entre árabes e muçulmanos?

De acordo com a Liga Árabe, organização de Estados árabes fundada em 1945, que atualmente compreende vinte e dois países, determinam que ser árabe significa pertencer ao grupo étnico que habita principalmente o Oriente Médio e a África setentrional. Já os muçulmanos são pessoas que seguem a religião do islamismo independente de sua nacionalidade ou etnia.

A confusão se difunde porque parte desses países obtêm um governo que não segue o livre arbítrio garantido pelo Alcorão, livro sagrado da religião Islã. Recentemente, no Irã, Mahsa Armini morreu enquanto estava sob custódia policial, após ser presa por não seguir as leis iranianas de utilizar o véu.

Mas, na Palestina, por exemplo, as vestimentas não são impostas sob as mulheres e elas podem fazer a própria escolha. Além do Irã, o Paquistão também é uma república islâmica teocrática, diferentemente da Turquia, que é um Estado laico, mesmo tendo uma população de 96%, podendo chegar até 99%, muçulmana.

Países que impõem essas leis prejudicam a visão das pessoas sobre as vestimentas, os costumes e a religião do Islã. Aline Viana, guia turística muçulmana, ressalta uma confusão entre nacionalidade e religião. “Eu acho que as pessoas confundem muito a diferença entre nacionalidade e religião, principalmente porque elas focam muito na aparência, isso em qualquer lugar do mundo. E como são países que não são laicos, são países onde a religião faz parte do Estado, as pessoas associam que todos se vestem daquele jeito e que todos são assim.”

Viana foi convidada a visitar a Arabia Saudita como forma de agradecimento, após fazer uma publicação pedindo que um azulejo escrito “Alá é vitorioso”, no qual estava posicionado no chão, fosse mudado para a parede, já que na cultura islâmica é desrespeitoso ter o nome de Deus no chão.

Ela relatou sua experiência durante a visita ao país. “Fui uma mulher sozinha viajando pela Árabia Saudita […] e fui extremamente respeitada, eu andava na rua sozinha e eles respeitam, a mulher é extremamente respeitada na Árabia Saudita. A mulher não é respeitada no Afeganistão, são países completamente diferentes. A gente recebe poucas notícias, isso é um problema dos dois lados também, Árabia Saudita é um país que viveu fechado dentro deles por muitos e muitos anos.”

Diferentemente do que diz o senso comum, apenas 20% dos 1,6 bilhões de seguidores da religião vivem no oriente. O islamismo tem se fortificado no ocidente e é a religião que mais cresce no mundo. Segundo pesquisa do Pew Research Center, a crença ultrapassará o cristianismo em número de fiéis.

Recentemente, Aline esteve em São Paulo, em um congresso sobre maneiras de combater o preconceito. Ela ressalta a importância da divulgação da crença como forma de combate a preconceitos, por meio da divulgação de matérias, vídeos e influencers: “As pessoas precisam conhecer para não tratarem o islamismo de maneira equivocada”, finalizou.

Reportagem: Lorenna Medeiros e Renan Schimid

Supervisão: Gabriel Rechenioti e João Pedro Fonseca

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