Manifestações indígenas durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York
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Lideranças da Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB) marcharam até o Consulado do Brasil em Nova York, na terça-feira (20), enquanto Jair Bolsonaro discursava na abertura da 77ª Assembleia Geral da ONU. A manifestação ocorreu durante a Semana Climática na cidade, e os representantes questionaram, principalmente, a postura adotada pelo presidente em relação às questões que afetam significativamente a vida dos indígenas.
Durante o discurso, Bolsonaro negou a existência do desmatamento da Floresta Amazônica e afirmou que mais de 80% da floresta continua intocada. Além disso, declarou que está adotando medidas para cuidar do meio ambiente e da população indígena. Para Junior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami, o que ocorre na realidade, é o contrário. “No atual Governo Federal, existe uma falta de atenção e proteção da Amazônia”, afirma.
As principais críticas feitas pelos líderes durante a manifestação nos Estados Unidos envolveram o desmonte na Funai e nos órgãos ambientais, os assassinatos ocorridos em terras indígenas e a questão climática, especialmente no que tange ao desmatamento e às queimadas. “Bolsonaro, quanto você ganha para deixar nossas florestas queimarem?”, questionava o coro durante a marcha.
Em relação às reivindicações que abrangeram as mudanças climáticas, Hekurari reitera que elas afetam diretamente o modo de vida do povo das comunidades indígenas. “Com a escassez ou excesso de chuvas, as roças das comunidades produzem menos alimentos ou, em algumas situações, não produzem nada, e isso afeta a alimentação e aumenta os índices de desnutrição e alastramentos de doenças nesses locais”. Além disso, ele afirma que o que tem sido vivenciado nos últimos anos é a total falta de fiscalização para combater o desmatamento e o garimpo ilegal.
Não é a primeira vez que manifestações desse tipo ocorrem durante eventos da ONU. Em 2019, um grupo indígena brasileiro, junto com a coordenadora nacional da APIB, marcou presença em um protesto contra o governo de Jair Bolsonaro, que estava há menos de um ano em vigor. Para os povos indígenas, as manifestações em locais relevantes como esse representam resistência e possibilidade de alcançar mudanças. Segundo o presidente do Conselho Distrital, “a manifestação na sede da ONU é um grito de socorro do povo indígena diante do cenário ambiental no Brasil.”
Reportagem: Bianca Paes, Bruna Andreatta e Bruno Giovanni Barboza
Supervisão: Clara Glitz e Leo Garfinkel