Fora de casa-Bianca Louzano
Compartilhar
Para trabalhar na área da saúde é preciso lutar contra o medo de ser contaminado e ter coragem para colocar a vida do paciente à frente da sua. São eles que estão na linha de frente e colocam a própria segurança em risco em prol da população. Ao decorrer da pandemia do novo coronavírus, foram necessários cada vez mais profissionais para combater o avanço da doença. Devido ao crescente número de infectados, médicos e enfermeiros intensificaram sua jornada de trabalho buscando atender o máximo de pacientes possível.
Ao ficarem horas em plantões sem intervalo para descanso e alimentação, os profissionais que fazem parte da equipe médica estão mais expostos ao vírus e com maior propensão a se contaminar. Devido a esses fatores, foram geradas consequências físicas e psicológicas que ficarão marcados na memória. Ainda há o fato de não haver proteção para todos os funcionários, e por isso muitos morrem tentando curar seus pacientes. Infelizmente, esse é o cenário de muitos hospitais ao redor do país durante o período atual. Além disso, aumentam também o risco de contaminação de pessoas próximas por estarem de frente com o vírus.
Contaminação essa que está sendo sub notificada, por falta de testes em massa, como nos alerta a médica Bianca Louzano. É preciso ter disposição para enfrentar essa luta incessante, para saber mais sobre esse confronto, o portal entrevistou a pediatra, que como muitos outros está na linha de frente. E nos contou como está sendo o combate diário que está sendo a vida desses profissionais.
Em qual área você atua?
Atendo somente pediatria, pois é a área que tenho especialidade e não fui realocada para outra.
Como é sua rotina de trabalho e quais cuidados tem tomado dentro do hospital e em casa?
Trabalho em três hospitais, dois em emergência pediátrica e um com home Care de pediatria. No trabalho uso todos os EPIs (equipamentos de proteção individual), em qualquer atendimento. No início foi difícil a liberação pelos hospitais, cheguei até a comprar alguns equipamentos, porém agora eles estão sendo fornecidos.
Quando chego em casa, deixo o sapato do lado de fora e vou direto para o banho. A roupa eu Geralmente troco de roupa antes de sair do hospital e coloco em um saco para ser lavada.
Em algum momento pensou em desistir de trabalhar durante esse período?
Não, em momento algum, pois eu amo o que faço e não recuaria.
Como isso tem te afetado?
No início, fiquei bem abalada emocionalmente pelo fato de estarmos diante de um vírus que pouco conhecemos, e por nunca ter vivenciado uma pandemia. Eu não sabia como ela iria progredir, e o que eu acho pior é como ela vai evoluir.
O que me deixa mais tranquila é que a pediatria é pouco acometida, ou a maioria são assintomáticos ou apresentam sintomas leves, o que deixou os atendimentos pediátricos bem reduzidos.
Como você se sente vendo a atual situação o país?
Acredito que a maioria está preocupada em contrair o vírus e passar para outras pessoas, porém existe uma parcela sem empatia. Vejo muitos indo para as ruas por necessidades financeiras, apesar do auxílio de 600 reais.
Era uma questão de tempo para o número de casos aumentar, como em todas as outras pandemias, temos um pico. E penso que estamos nele, porém acredito também que em muitas cidades, assim como Niterói, que adotaram antecipadamente o isolamento social, tiveram o número de casos reduzidos.
Reportagem: Camila Hucs, Eloah Almeida, Filipe Roza, Gabriela Leonardi, Gustavo Vieira, Yan Lacerda.
Supervisão: Matheus Pardellas