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Engana Dizendo Que Ama 2: A inteligência artificial na indústria musical

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A música dublada por inteligência artificial “Engana Dizendo Que Ama 2” tomou conta das redes sociais nas últimas semanas. Os produtores Slaasty, Spartano e Sevenine combinaram um beat autoral com a utilização de um algoritmo para criar a voz dos dos rappers Veigh e Tz da Coronel, os autores da faixa original. A criação gerou mais de 3,5 milhões na rede social X, e foi reconhecida pelos artistas na plataforma.

Tz ouviu a música e, em tom descontraído, fez um tweet chamando o companheiro de música: “Qual vai ser Veigh? Vamos jogar essa para as ruas?”. Veigh manteve o bom humor e respondeu o rapper carioca. “Trabalhamos sem trabalhar e mesmo assim deu hit, pra pista irmão”, brincou o artista em suas redes.

Em entrevista ao podcast “Poddelas”, Veigh revelou o desejo de gravar a música com os produtores. “Estamos pensando em gravar e lançar a música colocando uma porcentagem para eles. Pode ser algo ‘daora’ para os fãs”, disse o artista.

“Engana Dizendo Que Ama 2” não é um caso à parte. Ainda neste ano, outra música feita por IA viralizou no TikTok e fez todo o cenário da música refletir sobre a autoria desse tipo de conteúdo. “Heart on My Sleeve”, tem as vozes de Drake e The Weeknd criadas artificialmente e, em um curto período de tempo, foi tirada do ar das plataformas de música pela Universal Music Group.

A empresa se preocupa com a propriedade intelectual dos conteúdos publicados em streamings. A Universal, em comunicado aos seus investidores, defende que utilizar essa tecnologia nas produções seria prejudicar a expressão criativa humana e, até mesmo, falsificar o ecossistema musical. No mesmo comunicado feito pela companhia, eles ainda afirmam que esse método deslegitima as canções feitas pelos artistas. 

Em contrapartida, o advogado Pedro Trés, diretor jurídico e de relações Institucionais da Tec Vitória-ES, explica a diferença entre o usuário que participa do processo criativo e o apoio que o software oferece na produção: “São coisas distintas, quem é o proprietário da IA e quem é o dono do produto que aquele serviço gerou. É difícil de concluir que o autor não seja aquela pessoa que inseriu os comandos e foi construindo junto com o apoio do software”.

A inteligência artificial pode ser uma ferramenta utilizada para impulsionar a criatividade e fornecer recursos digitais para os músicos. Porém, o uso de amostras de músicas existentes em algoritmos de IA interferem na violação de direitos autorais. 

Segundo Pedro, a legislação brasileira não é clara sobre o assunto e ainda está em evolução. “Não existe essa regra no Brasil, de quem é o autor e, portanto, o proprietário de  uma obra gerada por IA. Não está claro isso ainda, porque não tem uma lei própria que rege esse tema”, disse o advogado.

Os softwares de inteligência artificial desenvolvidos para a indústria da música ainda estão sendo aprimorados pelos programadores. Sem a clareza jurídica defendida pelo advogado, o avanço no campo seguirá com uma dualidade entre a possibilidade de desenvolvimento de novos projetos, e o questionamento sobre a autoria dessas canções.

Reportagem: Davi Rosenail e Joana Braga

Supervisão: Lorenna Medeiros e Pedro Zandonadi

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