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Cinco anos do assassinato de Marielle Franco:“Não serei interrompida”.

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O assassinato da socióloga, ativista e politica brasileira Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completa 5 anos nesta terça-feira, dia 14 de Março de 2023. Até hoje, nenhuma pessoa foi julgada e os questionamentos da sociedade brasileira sobre quem são os mandantes e os autores desse crime brutal ainda não foram respondidos. Eleita democraticamente,  a vereadora era uma das maiores esperanças na luta progressista contemporânea, e estava cumprindo mandato quando foi executada.

Marielle Franco durante sessão na Câmara do Rio em 2017 — Foto: Renan Olaz/Câmara do Rio

O crime aconteceu quando Marielle deixava a Casa das Pretas, na Lapa, onde mediou um debate organizado por seu partido (PSOL) para jovens negras. A vereadora deixou o local acompanhada de sua assessora e seu motorista Anderson, sendo logo seguida por um carro. Por volta das nove e meia da noite, na Rua Joaquim Palhares, um carro se aproximou do veículo de Marielle e atirou 13 vezes. A ativista foi atingida três vezes na cabeça e uma no pescoço, enquanto Anderson levou ao menos três tiros nas costas. A assessora foi acertada por estilhaços e levada para o hospital.

Luis Kawaguti/UOL

O andamento do processo no meio jurídico está estagnado, e na visão do advogado João Paulo Cantarelli, “não existe um motivo para não haver respostas sobre o assassinato, e mais importante, na minha opinião, é que foi executado por profissionais”. O ministro da justiça, Flávio Dino, anunciou em fevereiro que as investigações sobre o caso serão retomadas, dando uma nova esperança para as famílias afetadas. João Paulo ainda acredita que a demora em elucidar esse caso faz com que aumente a descrença com a polícia, ministério público, juízes e a dor das famílias. 

Para o advogado, porém, não há negligência do judiciário: “Não acredito que haja ocultação de informações para proteger nomes altos da sociedade. O judiciário precisa que a investigação seja concluída para poder agir e os inúmeros recursos existentes que dificultam o cumprimento da lei.”   

Em 2018, logo após o crime e toda comoção política, três mulheres negras ligadas diretamente à vereadora assumiram cargos dentro da Assembleia do Rio. Dani Monteiro, Monica Francisco e Renata Souza fazem parte da bancada de deputados estaduais do PSOL. Renata, que era ex-chefe de gabinete de Marielle, foi a nona deputada mais votada dentre todos os eleitos, com quase 64 mil votos. Além delas, Anielle Franco, irmã de Marielle, foi indicada pelo presidente Lula para compor sua equipe ministerial. A jornalista ficou responsável por comandar o ministério de igualdade racial neste novo governo

                                                                      Fernando Frazão/Agência Brasil

Como resultado de uma comoção política, o Instituto Marielle Franco foi criado com o objetivo de conectar, inspirar e potencializar mulheres, pessoas LGBTQIA + e periféricas. Esse movimento se parece muito com o que também acontece na ESPM Rio. O coletivo de Diversidade Racial ESPM é um espaço de debate e luta contra os setores elitistas da faculdade.

Catarina Gabriel, fundadora do coletivo, pontuou o impacto da luta social da ativista no núcleo, “… a gente faz o que acredita mesmo sabendo que atualmente a gente vai perder. Talvez a gente faça algo hoje para daqui a anos ter um efeito, mas não é uma vitória.” Esse sentimento ultrapassa até mesmo os momentos de celebração e promove debates, como, por exemplo, o encontro de discussão racial que está acontecendo nesta semana no campus da Espm RJ, na Villa Aymoré. Na quarta-feira, o núcleo recebe Marinete Silva, advogada e mãe de Marielle e Anielle Franco.  

A idealizadora destacou o sentimento de homenagear Marielle nesta semana: “Não é uma boa sensação, eu não vou chegar super animada e falar, ‘que legal’. Não é esse o espírito, hoje é um dia de luto, não é um dia feliz.” Ela também comentou sobre a falta de engajamento dos alunos da faculdade em relação ao projeto: “É muito difícil perpetuar isso, manter os alunos engajados, porque a partir do momento que a ESPM cobra uma mensalidade de 5 mil reais, você faz um filtro. Então as pessoas que precisam de um coletivo, são poucas. São poucos que precisam, poucos que acreditam.” 

Reportagem: Arthur de Castro, Pedro Mello e Thiago Vivas

Supervisão: Clara Glitz e Júlia Vianna

 

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