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Big Techs: demissões em massa e os impactos da pandemia

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As Big Techs são as grandes empresas de tecnologia do mundo, e possuem papel importante no cotidiano de grande parte da população global. Desde hardware (componentes físicos de um dispositivo eletrônico) até serviços de armazenamento de dados, essas corporações têm crescido de forma exponencial desde o século passado e, com o aumento da dependência tecnológica no mundo, a tendência é que isso continue.

Mesmo com o sucesso recente delas, essas gigantes da tecnologia ainda necessitam tomar decisões a fim de garantir a prosperidade no futuro. Desde o ano passado, as Big Techs vêm realizando uma demissão em massa, somando mais de 200 mil layoffs nesse período. O Twitter, comprado pelo bilionário Elon Musk, por exemplo, cortou metade dos seus 7500 empregados no mundo todo, e está entre as que mais demitiram, percentualmente, seus funcionários.

Algumas questões foram importantes para que os gestores das empresas chegassem na decisão de realizar esse corte de gastos. Entretanto, de acordo com Rodrigo Magalhães, Senior Solutions Architect (responsável por solucionar problemas tecnológicos) da multinacional Hilti, o principal motivo está atrelado à pandemia de Covid-19. “Houve um reajuste na economia por conta da pandemia, e as empresas que antes tinham crescido muito rapidamente, para se adequar às demandas específicas da pandemia, agora estão enxugando os custos. Isso acontece pois precisam estar de acordo com os ajustes econômicos que os governos estão fazendo ao redor do mundo”, diz Rodrigo, que já trabalhou por mais de um ano em uma das maiores Big Techs do mundo: a Amazon.

Por mais que esses cortes diminuam as despesas das Big Techs, isso não quer dizer, necessariamente, que as empresas estejam com falta de dinheiro. A Microsoft, por exemplo, anunciou, de forma conjunta aos layoffs, um investimento de US$10 bilhões na OpenAI, startup criada em 2015, responsável pelo ChatGPT. É evidente que muitas dessas empresas redirecionam sua verba para outras áreas, a fim de alcançar retorno financeiro, desenvolvimento e ainda mais destaque no cenário tecnológico global.

Luiz Castelloes, Gerente de Projetos de TI da YDUQS, reforça que algumas áreas, como inteligência artificial, Cloud Computing e Big Data, estão entre as principais aplicações feitas pelas Big Techs. “Tudo isso gera ganho de escala para novas soluções, ou diminui os custos de desenvolvimento de novos negócios nas áreas de comércio e varejo, RH, turismo e venda de passagens, hotelaria, transporte, serviços financeiros etc. Ou seja, muitos dos serviços que podem ser automatizados”, conclui.

Investimentos são cruciais para que qualquer empresa cresça, e eles são feitos por equipes montadas justamente para analisar as áreas e determinar em qual setor o dinheiro será mais bem aproveitado e qual vai gerar mais retorno. No entanto, é relativamente comum vê-las falhando nessa questão.

Rodrigo enfatiza que essas aplicações mal feitas são determinantes para aumentar o sucesso e a relevância das empresas e, em alguns casos, nem acontecem. “Obviamente todas as empresas deveriam reinvestir o dinheiro. Mais pesquisa, contratar mais gente de alta qualidade, otimizar os processos. Mas a gente vê, baseado em experiências de outras empresas, que nem todas, aliás, muitas, não investiram esse dinheiro adequadamente. E é isso que dá relevância a essas empresas, é exatamente esse investimento em pesquisa e tecnologia”, afirma.

É importante destacar que algumas corporações adotaram posturas diferentes. Todas sofreram com a necessidade de adequação de custos após o processo pandêmico, porém algumas agiram de forma mais conservadora, tanto nas mudanças estruturais quanto nas de investimento. É o caso da Apple, uma das únicas Big Techs que, até agora, não anunciou nenhum corte na força de trabalho.  A empresa criada por Steve Jobs foi mais cautelosa em contratações, justamente no período no qual outras contrataram em massa. De acordo com informações das próprias empresas e da Reuters, entre setembro de 2019 e setembro de 2022, o número de funcionários da Apple aumentou em 20%; enquanto o da Amazon, por exemplo, dobrou.

Com isso, fica claro que as ações tomadas por cada empresa, mais de três anos atrás, influenciou diretamente no número de demissões de cada uma. Nesse caso, a necessidade de adequação de custos é proporcional ao número de funcionários. Isso se dá pois, se o objetivo é enxugar despesas, é preciso dispensar uma parte do capital intelectual, já que algumas Big Techs contrataram em excesso em um período de valorização da tecnologia no trabalho.

 

Reportagem: Bruno Giovanni

Supervisão: Heitor Leite

Foto de capa: Divulgação/Flickr