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As Dificuldades de Reinserção da Geração X no Mercado de Trabalho

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Com as reformas nas leis de aposentadoria no Brasil, a chamada “aposentadoria compulsória” passa a ser regulada a partir do projeto de lei 2635/2022; pessoas que atingem uma determinada idade, são legalmente retiradas ou afastadas de seus ambientes de trabalho por determinação judicial. O que torna cada vez maior a demanda de novas formas de inserção das pessoas mais velhas no mercado.  

Segundo pesquisas feitas pela plataforma de vagas Infojobs, 66% da Geração X, que compreende pessoas nascidas entre as décadas de 60 e 70, não sente que sua credibilidade é vista pelas gerações mais novas quando se trata do mercado de trabalho. Vagas mais especializadas não são direcionadas a estes profissionais, por causa da experiência além do necessário, salário alto exigido, ou pela “desatualização” digital destes.  

Claudia Monari, consultora de Rh da Empresa Produtive, afirma que trabalhadores mais especializados tentam se recolocar a todo momento. Já os chamados mais “operacionais”, têm uma maior dificuldade de se reinserir. A oportunidade que se têm encontrado com mais facilidade para estas pessoas no mercado formal, são trabalhos de curta duração, com prazo de validade, ou mentorias. Disponibilizam-se empregos para que estes, por meio de suas experiências dentro do mercado, possam trocar com os mais jovens, passando seus conhecimentos, e agregando nas empresas.  

É o caso de Carlos Vieira. Jornalista que logo após um curto período de tempo fora do mercado tradicional de jornalismo, trabalha como Pessoa Jurídica para Revistas, e como correspondente para uma rádio em Portugal. “O mais velho, se torna caro, mesmo sendo PJ (Pessoa Jurídica). Eu faço algumas coisas hoje, como correspondente estrangeiro para Portugal”, conta. Além disso, ele se dedica a sua própria empresa, a Máxima Conteúdo Editorial.  

No entanto, ainda são poucas as vagas e programas oferecidos, sendo apenas 1% para pessoas acima dos 65 anos, de acordo com o estudo “Envelhecimento da Força de Trabalho no Brasil”, feito pela consultoria PWC, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas. Esta dificuldade, além da baixa expectativa futura destes profissionais dentro do mercado, torna novas perspectivas em outras áreas, algo concreto. É o caso do empreendedorismo. 

Fabiana, de 56 anos, começou a empreender em lojas de bijuterias com a mãe, quando ainda era jovem. Assim que começou a ganhar capital próprio, decidiu comprar imóveis como uma nova fonte de renda, para quando se tornasse mais velha. Ela ainda afirma que era um sonho viver com o aluguel de seus imóveis. Com esse capital, a empreendedora conseguiu realizar sonhos, como morar fora do País. “Dois anos depois, eu fui morar na Europa. Era um sonho que eu tinha. Eu realizei um sonho com o dinheiro das casas”, destaca.  

Já para Marcelle, publicitária de 61 anos, as ocupações foram distintas. Ingressou em agências renomadas aos 18 anos e passou por diversos cargos, desde alimentícios, a esportes e shows. Porém, foi quando entrou na área de eventos, que se estabeleceu de forma mais sólida. Diferentemente de Fabiana, a profissional tentou implementar dois empreendimentos, mas, os dois não permaneceram por muito tempo. Atualmente, Marcelle mora em Portugal, com o filho e a mãe, onde tenta se restabelecer profissionalmente. Já prestou serviços curtos, como freelancer e busca se especializar, fazendo cursos. Conta que não pretende voltar a trabalhar em grandes empresas. Ainda assim, gostaria de continuar na área de Marketing.  

Apesar de serem apresentadas muitas dificuldades para a Geração X no mercado de trabalho, essas novas configurações encontradas pelas empresas, na reinserção, mesmo que curta, são importantes para a consultora Claudia Monari. “O ambiente de trabalho fica riquíssimo quando se tem essa troca, essa mistura”, afirma. A união entre gerações dentro deste ambiente, garante a construção de diversos conhecimentos. 

 

Reportagem: Maria Fernanda Buczynski

Supervisão: Heitor Leite e Vitor Renato

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