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Visibilidade: palavra feminina

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O futebol feminino tem prosperado e começa a ter os ares de reconhecimento que já deveria ter tido há anos. Ontem (20), na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ocorreu a apresentação da nova comissão técnica geral da seleção brasileira de futebol. Além disso, houve o anúncio de um novo torneio de base. Um campeonato nacional sub-16 feminino, que contará com 12 times que ainda não foram definidos.

O coordenador do futebol feminino da CBF, Marco Aurélio Cunha, afirmou que a pretensão desta nova competição é criar uma cultura futebolística feminina e não algo extremamente competitivo. O objetivo por ele citado é atrair as meninas ao esporte e, tratar os jogos com competitividade de nível profissional pode matar a ideia.

A seleção principal se encontra em processo de reformulação geral. A nova treinadora sueca, Pia Sundhage, fez sua primeira convocação com seis jogadoras diferentes da lista de nomes que estavam na Copa do Mundo deste ano. As atletas foram chamadas para a disputa da semifinal da Copa Uber contra a Argentina, na quinta-feira (29), no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Caso vença, disputará a final contra Chile ou Costa Rica, no domingo (01).

Durante a Copa do Mundo da França, ocorreram diferentes protestos pela igualdade de gênero. A jogadora Marta, da seleção brasileira, estreou nos jogos com uma chuteira que trazia o símbolo do projeto Go Equal. Nela haviam duas faixas: uma azul e uma rosa, em uma campanha pela equidade de gênero. Já a jogadora norueguesa, Ada Hegerberg, decidiu boicotar o campeonato em prol da igualdade, não jogando pela sua seleção. Em 2017, jogadoras do time dos Estados Unidos fizeram um abaixo-assinado e processaram a US Soccer por discriminação devido à diferença salarial entre os homens e mulheres.

Para a repórter da TV Bandeirantes, Yara Fantoni, é preciso pensar, acima de tudo, na base: “Não adianta você pensar em futuro sem base. É igual falar do futuro de um país sem mencionar as crianças”. Yara ainda defende que não basta existir times se não houver a devida estrutura e atenção para as meninas. A Copa do Mundo, que ocorreu no mês passado, foi uma espécie de marco no futebol feminino, visto que a visibilidade foi finalmente atingida. Para a jornalista, não devemos parar por aí: “Acontece que quando passa o mundial, a gente volta à nossa dura realidade. Se não fosse a regra para punir times masculinos pelo clube não ter equipe feminina, não mudaríamos de patamar nunca.”.

Enquanto no Brasil o futebol feminino ainda está em crescimento, na Europa ele já está bem desenvolvido. O melhor exemplo é a quebra dupla de recordes de público este ano. Pela liga espanhola, Atlético de Madrid enfrentou o Barcelona no estádio Wanda Metropolitano e teve aproximadamente 60 mil torcedores presentes. Já no Allianz Stadium, em Turim, a Juventus jogou contra a Fiorentina com cerca de 39 mil torcedores presentes. Recentemente foram criados dois times de elite. Real Madrid que comprou um time da primeira divisão espanhola logo após a Copa do Mundo Feminina, e o Manchester United, criado em 2018 e que já subiu para a primeira divisão do campeonato Inglês.

Já no Brasil, por conta da lei que obrigava os times da Série A do futebol masculino a terem um time feminino profissional e sub-20, esses times vêm melhorando. Os quatro clubes que já possuíam equipes femininas estruturadas (Corinthians, Internacional, Flamengo e Santos, mais o Avaí que se juntou com Kindermann), estão com melhores desempenhos do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. Alguns times que foram criados esse ano, como Cruzeiro e o São Paulo, demonstraram grande crescimento ao longo da temporada na Série A-2, tanto que ambos estão na final do campeonato. Com a contratação da Cristiane pelo São Paulo, o time se tornou referência no futebol feminino, além de já ser um destaque na base.

A CBF tem promovido ações e ideias para a renovação e o crescimento do futebol feminino, em contraponto a toda a história da confederação. Basta saber se realmente mudará ou se continuará estagnado como mostram os dados, com mudanças provocadas apenas por lei.

 

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Matéria: Carolina Mie, Lucas Pires, Mariana Colpas, Matheus Pardellas, Patrick Garrido, Pedro Cardoso e Yuri Murta