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Por trás da gaita e do saxofone, histórias da rua

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Ivan Brzezinski (Foto: Matheus Gevaerd)

Um geólogo com habilidades em computação e um estudante de música. A princípio, nenhum dos dois teria algo em comum. No entanto, Ivan Brzezinski, 58 anos, e Jonatas Conrado, 34, são músicos e vivem do que ganham pelas ruas do Rio de Janeiro. O primeiro, na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e o segundo, no cruzamento entre a Rua da Assembleia e a Avenida Rio Branco, no Centro.

A falta de apoio da família e a baixa remuneração no mercado formal foram os grandes motivadores para que esses personagens fizessem das calçadas o seu palco.

Os artistas reforçam que é imprevisível o que costumam ganhar, mas que a rua é o melhor lugar para o julgamento de seu trabalho. “É uma vitrine”, diz Ivan. “Muita gente dá cartão e não acontece nada, mas tem um pessoal sério que se interessa e acaba acontecendo uma oportunidade de trabalho, um evento”, explica.

 

O gaitista   

Ivan mora na Lagoa e, além da inseparável gaita, toca também violão e guitarra. A escolha do instrumento com forte ligação com o blues deve-se a pouca difusão e menor concorrência entre os músicos de rua. Entretanto, aprender a tocar não foi tarefa fácil. “Tentei aprender a gaita, só que eu não conseguia. Até que finalmente descobri qual era o segredo. Eu aprendi sozinho, fui vendo uns vídeos e aprimorando”, conta.

O músico é figura conhecida de Ipanema, toca há mais de 10 anos pelas ruas do bairro, como atesta a advogada Giselle Camilo, que trabalha no prédio ao lado do local que o músico costuma tocar. “Ele chega todo dia às 16:30. Quando vai se aproximando do horário, já comento com o pessoal do trabalho que a gaita vai começar a tocar. Eles me falam que ele já está há muito tempo tocando nas redondezas”, diz.

Ivan revelou ainda que sua entrada no mundo musical seguiu o caminho inverso da maioria dos músicos, principalmente pela falta de apoio dentro e fora de casa. “Foi uma decisão tardia. Na família, eu não tinha apoio, achavam que era uma brincadeira”, afirma. “Não tive como continuar e fui prestar vestibular para geologia. Depois, estudei computação porque dava para aplicar na área e eu gostava. Isso em 1985. Acabei passando um sufoco nessa época e aí resolvi voltar a tocar, só que, dessa vez, profissionalmente”, conta.

Jonatas Conrado (Foto: Arquivo Pessoal)

O saxofonista

Jonatas começou a tocar saxofone e clarinete com 14 anos e hoje vive da música, mas não exclusivamente do que ganha na rua. Ele complementa a renda com aulas particulares e eventos, como datas festivas e aniversários: “Na rua, eu não fico muito, mas toco também em casamentos e no carnaval”.

Morador da Ilha do Governador, ele estuda Música na UFRJ e resolveu tocar na rua há menos de dois meses. “Antes, eu tocava em banda, aí aproveitei as férias da UFRJ para ganhar um (dinheiro) a mais. Tem dia que é difícil, mas também tem dia que é bom, depende muito”, afirmou.

Palco Carioca

A música independente, tanto de rua como no geral, carece de grandes iniciativas. Uma das poucas que existem é o Palco Carioca. O projeto visa divulgar artistas independentes e é administrado pelo Metrôrio. Funciona há mais de um ano, em três estações: Carioca, Maria da Graça e Siqueira Campos. Para participar e divulgar o trabalho, basta ter mais de 18 anos e se inscrever no site do Metrôrio. O agendamento é feito pelo próprio site, de forma gratuita. Segundo a assessoria de imprensa do Metrôrio, as apresentações musicais ocorrerem somente nos palcos, em dias úteis, e durante o período de 12h às 20h. Além disso, elas têm duração máxima de 60 minutos e limite de 3 participantes.

Palco Carioca da Estação Siqueira Campos (Foto: Metrôrio)

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