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Mulheres estão substituindo a pílula

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As pílulas anticoncepcionais, que há cerca de 60 anos foram uma revolução para o mercado e para o público feminino de todo o mundo, demonstram significativa queda no consumo. Muitas mulheres estão substituindo a pílula por outros métodos nos últimos anos. De acordo com dados publicados pelo El País, entre mulheres nascidas nas décadas de 1980 a 2000, o uso do anticoncepcional oral caiu em 5% só no último ano.

Os motivos para essa queda são variados. O receio dos efeitos colaterais, o desejo por métodos não hormonais e o fato de ter que lembrar diariamente de tomar a pílula são algumas das principais razões. Giovanna Fernandes, de 21 anos, decidiu parar por problemas com sua menstruação, fortes cólicas e por não se adaptar bem às pílulas.

A estudante optou pelo DIU hormonal em dezembro de 2018 e diz estar satisfeita com sua escolha: “Me sinto livre por não precisar lembrar de tomar remédio, mais protegida quanto à gravidez, já que eu tomava errado, e não menstruo mais. O melhor dos mundos”, afirma Giovanna.

Apesar do aumento da procura tanto pelo DIU hormonal quanto pelo de cobre, nem todas as mulheres têm uma boa experiência com esse método. Luiza Tarsitano, de 22 anos, ficou com o DIU de cobre por apenas um mês devido aos diversos problemas que teve, desde a aplicação até os efeitos no seu corpo.

Luiza conta que, já saindo do consultório, teve sangramentos intensos que persistiram por mais de uma hora, fazendo com que a jovem desmaiasse e fosse levada ao hospital. Ela estava com a pressão três por quatro e inconsciente. “Chegando no hospital, disseram que eu estava quase morta e que dei muita sorte de ter chegado a tempo”, afirma.

Em um exame, Luiza descobriu que o DIU estava na posição errada e que provavelmente ocorreram erros médicos durante a aplicação, o que teria implicado em tantas sequelas. “Vai fazer um ano que isso aconteceu e até agora estou com efeitos colaterais”, diz a jovem. Atualmente, Luiza usa o adesivo anticoncepcional e garante que é um método prático, sendo o que ela mais indicaria para outras pessoas.

Segundo Cátia Barcelos, ginecologista obstetra formada pela UFF, os procedimentos mais invasivos, como o implante do DIU, devem ser acompanhados por uma bateria de exames, como ultrassonografia transvaginal e hemograma, que confirmem a segurança da colocação do aparelho. Cátia afirmou que, além dos riscos de colocação do DIU, todos os métodos anticoncepcionais apresentam riscos e a paciente, com a ajuda de sua ginecologista, deve medir os prós e contras das diferentes alternativas para chegarem à melhor opção.

Ginecologista Cátia Barcelos em conferência FIGO (mundial de ginecologia e obstetrícia) / Foto: Publicação da FIGO 2018

Além dos métodos já mencionados, surgiram nos últimos anos diversas novas opções de contracepção, como o diafragma, anel vaginal, injeção, implante e preservativo feminino. A variedade de métodos possibilita às mulheres buscarem a alternativa que se adapta melhor aos seus corpos. Cátia diz que, com suas pacientes, ela tem observado certa especificidade na demanda: “Elas perguntam muito sobre o implante subcutâneo. Também perguntam bastante sobre o DIU e a tendência delas é para o de cobre”.

Apesar dos avanços nos métodos atuais, essa ainda é uma responsabilidade que apenas mulheres carregaram ao longo dos anos. A universidade de Washington, por sua vez, começou recentemente a realizar testes de anticoncepcionais masculinos. Afirmaram conseguir resultados positivos testados em humanos, porém a pesquisa ainda está em andamento e será necessário cerca de 10 anos para a chegada do produto no mercado. Mas o que será que os homens estão achando dessa novidade?

As únicas formas de contracepção existentes hoje em dia para os homens são a camisinha e a vasectomia. Apesar de a vasectomia ser reversível, as chances de sucesso na cirurgia de reversão variam e é um procedimento mais delicado. A camisinha é um método instantâneo e com grande eficácia quando usada corretamente, mas acaba sendo a única opção viável para muito homens. A pílula surge como um método alternativo ou que pode ser combinado com o uso do preservativo, garantindo ainda mais eficácia.

 

Matéria produzida por: Carolina Sampaio e Rogério Fontes

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