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Mapa da Desigualdade 2019

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No dia 5 de novembro de 2019 foi lançado o Mapa da Desigualdade da cidade de São Paulo. Com a divulgação de todos esses novos dados socioeconômicos, gerados e fornecidos diretamente pela Prefeitura do Município de São Paulo, foi possível evidenciar as diferenças entre as regiões mais ricas e pobres da capital. A iniciativa se baseia em indicadores como educação, saúde, segurança, cultura e habitação. Porém, ainda explora dados sobre racismo, feminicídio, homofobia e transfobia.

O projeto é realizado desde 2012 pela Rede Nossa São Paulo. A organização, fundada em 2007, tem atuação pautada pelo combate à desigualdade, promoção dos direitos humanos, participação e controle social e preocupação com o meio ambiente. Produzindo pesquisas para atender estes fins, a Rede teve um crescimento expressivo nos últimos anos. Para conseguir alcançar as áreas que precisavam de atenção, além da esfera local, passou, em 2018, a usar o nome de Instituto Cidades Sustentáveis, como forma de dar abertura para o tratamento de questões nacionais e até mesmo internacionais.

Uma das principais importâncias do Mapa é a relação que possui com a prefeitura. “A prefeitura tem várias plataformas próprias de divulgação de dados, mas nem sempre estão atualizadas. Então acaba sendo uma forma de pressionar a atualização desses dados”, é o que comenta Carolina La Terza, assessora de projetos da Rede Nossa São Paulo. Além disso, o produto final é utilizado por diversas associações locais para que cobrem serviços públicos

Morador de rua na capital paulista
Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

 “A construção de São Paulo como capital econômica do Brasil foi realizada a partir da desigualdade”, explica o cientista político Philippe Guedon. Apesar da concentração de capital nas mãos de poucos ser um traço marcante do processo histórico brasileiro, o cientista afirma que em São Paulo isto ocorreu de maneira mais forte.

De acordo com o Mapa da Desigualdade 2019, o número de favelas na região com mais concentração de comunidades é 607 vezes maior em relação ao com menos. Dentre os 96 distritos analisados, há até mesmo aqueles que não possuem este tipo de habitação. “Vivemos na primeira década deste século um processo de redução da desigualdade à nível nacional, mas as bases que favoreceram essa diminuição não são mais prioridade”, completa Philippe.

Ato contra a violência contra as mulheres, no MASP
Foto: Rafael Arbex/ Estadão

Outro fato que chamou a atenção para São Paulo, foi o aumento de feminicídios no estado. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública o número cresceu 44% no primeiro semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2018. “A população mais empobrecida é também a maior vítima dos maiores tipos de violação. O desemprego se relaciona com isso, pois é fruto de uma desigualdade estrutural, bem como a alta incidência da violência doméstica contra as mulheres”, conta a demógrafa Jackeline Romio, autora da tese “Feminicídios no Brasil, uma proposta de análise com dados do setor de saúde”.

Na última quarta-feira (6) o Senado aprovou uma PEC que torna o feminicídio um tipo de crime imprescritível. Isso significa que os responsáveis por este tipo de ação poderão ser punidos mesmo muito tempo após o crime. Em São Paulo, de acordo com o Mapa 2019, há uma média de 0,9 feminicídios entre os distritos da capital. Os dados analisados se remetem ao ano de 2018. 

Reportagem: Bárbara Beatriz Camello e Felipe Roza.

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