Veganismo acessível: é possível?
Compartilhar
O mercado vegano e vegetariano vêm crescendo nos últimos anos. Segundo a última pesquisa do IBOPE, em 2018, 14% da população brasileira, ou seja, cerca de 30 milhões de pessoas, são adeptos ao estilo de vida vegetariano, representando um aumento de 75% desde a última pesquisa realizada em 2012. Essas pessoas fazem parte do grupo que não consome qualquer alimento de origem animal, como carnes, ovo, mel e laticínios. Os veganos avançam para impedir a indústria da carne, não utilizando roupas ou produtos vindo ou que possam ser testados em animais.
Entre os motivos para a transição, estão as preocupações com o meio ambiente, o consumo consciente sem sofrimento animal, e atenção para a própria saúde. Um estudo realizado pela Sociedade Vegetariana Brasileira, identificou que pessoas que não consomem ou reduzem a alimentação de carnes, têm menor incidência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e obesidade.
Entretanto, o estilo de vida é considerado caro e inacessível por muitos que pensam em se tornar veganos. O IBOPE também indicou que 60% dos entrevistados consumiriam produtos veganos se estes fossem do mesmo preço de produtos onívoros. Entretanto essa afirmação traz debates no universo do veganismo. O nutricionista vegano, Dr. Fernando Geraldi, explica que a ideologia veio do termo “plant-based”, ou seja, alimentação a base de plantas. “O termo mais oriundo do veganismo é o Raw Food, que é tudo que você consegue extrair da natureza na sua proporção mais íntegra. A base do veganismo é a alimentação natural”, comenta.
Fernando também explica que o crescimento de produtos veganos que tentam se assemelhar aos não veganos é uma tentativa válida de ampliar o veganismo. Mas as carnes, leites, queijos, e salsichas vegetais, entre outros produtos deste tipo, possuem muito sódio, corante e açúcar, sendo muito prejudiciais à saúde, não condizindo com o ideal vegano, que seria se alimentar de produtos vindos diretamente da natureza, sem modificações, como legumes, grãos e vegetais.
O presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, Ricardo Laurino, explica que a venda desses novos produtos vêm crescendo e apresentam crescimento nos lucros da indústria, mas contribuem para a ideia de “veganismo caro”. “A alimentação vegana é a mais barata sempre que se prioriza os produtos ‘in natura’, que são geralmentes mais saudáveis e sustentáveis também. Mas ainda assim, o preço de nosso prato vai depender do que escolhemos”, explica.
Muitos movimentos e grupos vêm surgindo tentando reverter a ideia de que o veganismo é, necessariamente, um estilo de vida muito caro. Milena Martins, de 33 anos, é tradutora e criou uma conta no instagram chamada @barato_vegano, mostrando pratos veganos sem precisar gastar muito. “É possível ser vegano e gastar pouquíssimo, com uma alimentação inteiramente natural ou com poucos produtos industrializados. No entanto, caso se opte por uma alimentação mais recheada de produtos artificiais, certamente o valor aumenta”, explica.
Milena conta também que se a alimentação for apenas ou em grande maioria de alimentos vindos da natureza, o custo é até menor: “Vegetais são mais baratos que produtos animais. Pense no preço do quilo de carne bovina em comparação com um quilo de cenoura”. Segundo ela, o veganismo acessível não é um futuro utópico, é uma possibilidade presente, que pode e deve ser considerada por toda pessoa.
Reportagem: Diana Campos