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Tabus enfrentados pelo Pole Dance

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O Pole Dance foi por muito tempo visto somente como uma dança sexual de casas de show, como clubes de stripp, onde as mulheres ficavam semi nuas e se exibiam por meio de danças em uma barra vertical de metal para os homens em troca de dinheiro. Apesar disso, depois de anos e evoluções, nos dias atuais há uma valorização da prática, não mais com o intuito de erotismo ou sexualização masculina, mas sim com o de empoderamento e liberdade feminina. 

O Pole Dance, dança do poste em português, se trata de uma junção de movimentos ao redor do poste utilizando da força e de acrobacias para ser realizado. Esse estilo de ginástica era muito utilizado antigamente entre diferentes povos, porém foi a partir da década de 20 que as dançarinas seminuas começaram a desenvolver uma dança sensual para ele. Existem outras vertentes da atividade, além de vários estilos diferentes de se praticar a mesma, como o pole artístico que é voltado para o lado acrobático e é mais apresentado em circos e grandes espetáculos, o fitness que trabalha os grupos musculares, e os de competições, que são voltados em aprender os elementos e criar coreografias para competir.

Após se popularizar e se tornar mais frequente e normalizado, a dança recentemente foi reconhecida pela Gaisf (Global Association of International Sports Federation) como um esporte e é cogitado para entrar como modalidade na próxima olimpíada, a Paris-2024. Além disso, existem escolas que dão aulas da modalidade e permitem que as dançarinas aprendam a nova categoria de esporte sem essa visão machista ultrapassada.

A professora e ativista Drea Costa explica que existem competições de Pole Dance, que podem ser mais voltadas para o esporte, no qual há uma dança em que os movimentos precisam ser executados de formas específicas, e as mais voltadas para o artístico. Podem ser também por níveis: iniciante, avançado, expert, vai depender do tipo de campeonato, sempre tem um regulamento específico, onde vão ter todas as informações. 

A inscrição da competição normalmente é paga e o inscrito precisa passar por algum tipo de seletiva, que pode ser um envio de um vídeo e uma descrição do que a dançarina irá apresentar, também esclarece a ativista. Depois, um grupo de jurados decidirá quem vai participar. “No dia da competição em si, tem regras então algumas coisas podem tirar pontos ou não, tem os critérios que vão ser avaliados, as notas e os jurados vão avaliar e vai ter a premiação”, afirma a Drea Costa.

Apesar desses progressos, professoras e atletas ainda sofrem com os tabus presentes nas vidas das pole dancers. Roberta Martins, professora do Studio Pin Up, no Rio de Janeiro, acredita que a dança ainda é vista da forma errada com apenas um intuito sexual, principalmente pelo fato de ter esse viés histórico muito sexualizado. “Falamos muito no pole que a gente não pode apagar de onde ele veio, e apagar que ele veio dali seria apagar essas mulheres (strippers)”.

A atleta de pole dance pelo studio Pin Up, Lara Sampaio, também concorda que existe um tabu sobre o assunto, principalmente quando as artistas divulgam o trabalho nas redes sociais. “A maior prova de que isso ainda existe são os comentários extremamente abusivos onde tem uma dançarina fazendo sua coreografia no pole e têm comentários com coisas muito pesadas, como ‘quero você na minha cama’, enquanto na realidade ela está somente divulgando o trabalho dela e sendo quem ela é, independente de qualquer coisa”, a dançarina expõe. Além disso, Lara afirma que, como as pessoas não estão acostumadas a ver e a conviver com esse tipo de arte, fazem uma “cara meio torta” ou, se são homens, comentam como se tivessem algum direito sob a praticante na foto.

Além da sexualização feminina, existem também os tabus com os corpos das dançarinas que são, normalmente, bastante expostos tendo em vista o estilo de roupa que a dança exige para conseguir se segurar na barra. Drea Costa comenta que normalmente as pessoas acreditam que precisa ser magra ou jovem para praticar o esporte, e, na verdade, qualquer pessoa pode fazer, não existe um pré requisito específico de corpo para fazer pole. “Você não precisa necessariamente já ter força, flexibilidade, ter algum tipo de experiência com atividade física, tipo não ser sedentária. Você pode começar em qualquer momento que você vai aprender, normalmente, que qualquer corpo pode praticar. Mas isso é uma dúvida e um tabu sim para muitas pessoas, principalmente com ser gorda ou ser magra”, afirma.

Mesmo que haja diversas dificuldades na aceitação social do pole dance, a dança é de grande importância para quem a pratica.  “O pole para mim é uma válvula de escape e uma atividade bem terapêutica, me ajuda bastante no autoconhecimento e na aceitação. Traz uma liberdade de ser quem eu sou, de dançar, de me expressar e me sinto muito bem no ambiente do pole”, diz a ativista, mostrando o quanto ele deve ser valorizado e respeitado independente do seu passado histórico. 

 

Crédito da foto de capa: Via Instagram: @robertamartinsa

Reportagem: Beatriz Mattos, Juliana Gomes e Laura Tito

Supervisão: Brenda Barros e Gabriela Leonardi

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