Mulheres buscam método israelita de defesa pessoal como alternativa para se sentirem mais seguras
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Reportagem de Karoline Kina
Evitar sair em certos horários, buscar companhia ou se atentar a que tipo de roupa usar têm sido algumas das práticas adotadas pelas mulheres diante dos frequentes casos de violência que sofrem. No ano de 2016, a cada 12 minutos, uma mulher foi vítima de agressão no estado do Rio de Janeiro, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública. A procura pelo método de defesa pessoal Krav Maga, desenvolvido por Imi Lichtenfeld em Israel na década de 1940, é uma alternativa encontrada por algumas cariocas para diminuir o medo e a insegurança que possuem.
Segundo o instrutor Daniel Guina, que ensina o método na academia Perfect Body, em Bangu, Zona Oeste do Rio, a procura pela modalidade é justamente por pessoas que buscam noções de como se defender em casos de agressão, já que o treinamento é diferente das lutas marciais e não existe competição. O professor, que atualmente tem 13 alunas mulheres em uma turma com 32 pessoas, diz que as aulas são recomendadas para todos os tipos físicos, independentemente da idade e do sexo. “Para as mulheres, ela se torna uma técnica muito eficaz, porque nos baseamos procurando o ponto sensível do agressor, então não faz diferença o tamanho dela e a força física. Um golpe no olho, por exemplo, pode incapacitar qualquer um”, explica.

Alunos do instrutor Guina se alongando para o início da aula de Krav Maga. | Foto: Karoline Kina
Para aprender a se defender e para proteger a própria neta em casos como estes que a personal trainer Karina Vianna, de 44 anos, pratica o Krav Maga. Por já ter sido vítima de um assalto, ela acredita que o treinamento aumentou sua sensação de segurança: “Eu passei a me alertar sobre certas situações, porque antes de acontecer, você já fica ligada”, conta. Karina explica ainda algumas medidas que passou a adotar para evitar ser vítima novamente. “A gente passa a não arriscar tanto certos lugares, presta mais atenção no posicionamento da bolsa, não anda na rua falando no celular, aprende a sair e entrar mais rápido do carro, essas coisas”, diz.
Assim como ela, a estudante de psicologia Bárbara Souza também procurou o Krav Maga para se sentir mais segura. Bárbara conta que costuma andar sozinha com bastante frequência e que, após dois casos de assédio, resolveu buscar o treinamento. “Há um tempo, eu fui seguida por um carro e isso me deixou muito desesperada, eu me senti coagida. Quando eu tinha mais ou menos 15 anos, eu também fui assediada dentro do ônibus e desde então, isso ficou na minha mente”, conta.

Bárbara no treinamento de defesa pessoal. | Foto: Karoline Kina
Com o objetivo de aprender a agir em casos de agressão, Lúcia Ramos, de 50 anos, também começou a frequentar as aulas. Segundo ela, a ideia surgiu após um ocorrido no final do ano passado: “Eu fui agredida por um policial em uma situação. Ele me pegou de surpresa, porque eu estava levando o meu filho na escola”. Lúcia, que levou o caso à justiça, diz não concordar com a pena aplicada ao homem: o pagamento de cestas básicas. “Eu não aceito o que a juíza decidiu. Eu acho um absurdo e, pra mim, isso ainda não tá encerrado”, desabafa. Após o episódio, ela passou a agir em prol da causa feminina e da luta contra a agressão à mulher.

Lúcia na aula de Krav Maga. | Foto: Karoline Kina