Mercado de jornalismo e coronavírus
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A pandemia do novo coronavírus está fazendo o mundo mudar. Em todos os noticiários só se fala sobre o Covid-19 e como estão acontecendo essas mudanças, principalmente no âmbito social. Além disso, a volta na busca por informações de qualidade gerou uma revalorização aos veículos de notícias. O público está buscando entender e como se proteger do vírus através de mídias digitais e de fontes com credibilidade.
Os jornalistas, mesmo os que estão trabalhando de home-office, não pararam de produzir conteúdo. Vts gravados em casa, entrevista à distância e lives são grandes exemplos de como esses profissionais estão fazendo para contornar essa quarentena. A demanda por informação de qualidade a todo momento, deixou mercado de jornalismo efervescente, porém quais são as perspectivas para esse mercado após a quarentena?
Para dar suas visões e perspectivas, o portal conversou com a jornalista, que está na área há 38 anos, ganhadora de prêmios como um Vladimir Herzog, professora e uma das criadoras do site Mulheres 50 Mais, Angelina Nunes. Para ela, o jornalismo vai ter que revisar os estudos sobre a audiência, produção e distribuição de conteúdo. Um veículo que está sofrendo com a distribuição, é o jornal impresso, pois ele pode ser um vetor de contaminação. “O que a gente estava conversando há uns quatro anos, sobre as questões do impresso, que ele não fosse sobreviver a crise nos veículos, isso tudo se acirrou com a pandemia, por conta do enxugamento das redações, o distanciamento social.”
O jornalismo terá que criar novos conteúdos, como podcasts e lives, que segundo ela vieram pra ficar e podem até concorrer com programas de TV. Para isso, os jornalistas atuais estão precisando se adaptar a esses novos métodos. De acordo com a entrevistada, uma pessoa que conseguiu adotar bem esse formato mais recente foi o jornalista André Trigueiro, que tem feito bastante sucesso em suas redes sociais, principalmente em sua área sustentabilidade e meio ambiente.
O mercado de jornalismo já mudou, e para os novos profissionais, que estão em cursos de graduação, vão encontrar daqui a dois ou três anos, um mercado efervescente. As certezas que antes se tinham, como, a programação das mídias sociais, mudaram. “Você tinha que ver seu público, que horas ele te vendo, qual o melhor dia, era uma loucura, tinham aquelas métricas todas, e agora tudo isso mudou.”, concluiu Angelina.
A produção de conteúdo nas redações também foi afetado, como nos conta Ricardo Santiago, editor de texto do canal Fox Sports. De acordo com ele, devido a quarentena a demanda de trabalho para ele diminuiu bastante. “Os programas foram saindo do ar aos poucos e hoje só tem dois programas ao vivo, a maior parte da grade de programação é de reprises”, acrescenta o jornalista.
Assim como Angelina e André, Ricardo acredita que o jornalismo deve buscar constantemente se reinventar e isso é uma das principais lições dessa pandemia. “Observamos por alguns veículos que mesmo que seja difícil, outras opções podem surgir para manter o andamento da profissão, na medida do possível”, concluiu Ricardo.
Uma forma de reinvenção, pode estar ligado ao jornalismo comunitário, que segundo Angelina é algo fascinante. “Os veículos dessas comunidades falam a linguagem dessas pessoas, eles conhecem o seu público, sabem o que seu público quer e sabem como entregar. E a mídia tradicional tava muito distante disso, usava mais essas pessoas que trabalhavam nesses veículos criados dentro da comunidade como fonte e não como parceria de trabalho, e isso ainda é uma queixa deles.” Esses veículos já estão ganhando maior visibilidade e fazendo algumas parcerias, mas segundo Angelina ainda é uma coisa muito inicial, é algo que ainda pode melhorar.
Reportagem: Matheus Pardellas e Pedro Cardoso.
Supervisão: Maria Luísa Martins, Mariana Colpas e Patrick Garrido.