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Proposta de estatuto do DCE da ESPM Rio é aprovada em assembleia

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A proposta de um estatuto que prevê a criação de um Diretório Central dos Estudantes (DCE) da ESPM Rio foi aprovada em uma assembleia realizada com estudantes nesta terça-feira (28). A criação teve apoio de mais de 500 alunos em um abaixo-assinado que circulou pela faculdade nas últimas semanas. Atualmente, existe apenas um diretório acadêmico para representar os alunos da instituição, o DARC.

A criação de um DCE é respaldada pela lei 7.395, de 31 de outubro de 1985 e é um desejo antigo dentro da instituição. O artigo terceiro desta lei afirma que “os Diretórios Centrais dos Estudantes – DCEs são entidades representativas do conjunto dos estudantes de cada instituição de ensino superior”. Em 2019, um grupo de estudantes liderados pelos então alunos Dandara Franco e Paulo Vitor Lemos reivindicou o espaço fazendo reuniões com diferentes membros docentes da faculdade. No entanto, com a pandemia de Covid-19, em março de 2020, o grupo se dissipou. 

Em agosto do ano passado, a estudante do curso de Cinema e Audiovisual, Catarina Oliveira, fundou o Coletivo de Diversidade Racial da ESPM Rio. Com objetivo de pressionar a faculdade por maiores ações afirmativas para estudantes negros, pardos e indigenas, os membros do coletivo também se engajaram em convocações para atos a favor da educação e na criação do DCE. A estudante afirmou que a adesão dos alunos e professores sempre foi muito positiva, mas no dia da assembleia sentiu uma mudança de comportamento. “Nós passamos nas salas e a gente foi mal recebido em várias delas. Tivemos que lidar com muitas risadas e quase uma violência verbal em uma turma de Administração, onde um aluno me interrompeu diversas vezes”. 

No mesmo período em que o coletivo foi fundado, Lucas Machado, do mesmo curso de Catarina, utilizou suas redes sociais cobrando um maior posicionamento do diretório acadêmico em questões políticas. Nesse dia foi lido em diversas instituições de ensino – particulares e públicas – um documento em defesa da democracia chamado “Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito” e não houve posicionamento de nenhum órgão da ESPM. “Muitas pessoas me apoiaram, mas ao longo do tempo essa mobilização foi se dissipando e eu recebi muitas represálias. Eu precisei trancar o curso e voltar só agora. Foi um momento muito nebuloso da minha vida, mas me deu forças para que agora, com uma movimentação mais organizada, a gente possa conseguir fazer essa movimentação de forma mais precisa”, disse ele durante a assembleia. 

Durante o dia em que a proposta seria lida, diversas notícias falsas circularam entre os alunos. Uma delas dizia que a organização do DCE estava sendo feita por pessoas de fora da faculdade e uma outra afirmava que haveria manifestação no Centro do Rio de Janeiro contra o Lifelab naquele dia. Tanto Lucas quanto Catarina acreditam que as reações e as informações falsas foram orquestradas.  

A assembleia iniciou meia hora depois do horário marcado. Membros de movimentos estudantis, como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e estudantes de outras faculdades que auxiliam os alunos da ESPM Rio, não conseguiram autorização para o acesso ao interior da faculdade. A reunião precisou ser feita na rua, do lado de fora do campus

Uma das organizações é o Movimento Correnteza, que tem como objetivo ajudar a reestruturar entidades representativas de estudantes nas universidades. “Esse movimento que está acontecendo aqui na ESPM é fundamental. Isso representa um aumento da luta dos estudantes a nível estadual. Quanto mais gente tocar essas pautas dentro e fora das universidades, mais progresso nós vamos ter nas nossas demandas e reivindicações como estudantes”, afirmou o coordenador estadual do Correnteza e estudante de História na Unirio, Matheus Travassos.

Os atuais fundadores do DCE ressaltam que o objetivo é trabalhar junto com o DARC. “Não existe isso de ser “anti-DARC”. A gente vai co-existir e é natural, as faculdades que têm DCE, também têm D.A.”, afirma Catarina. Um aluno que preferiu não se identificar concorda: “O DCE não nasce com objetivo de atacar ou disputar espaço com ninguém. Ele nasce com objetivo de centralizar melhor as demandas estudantis, sejam elas interiores ou exteriores da universidade. É importante salientar que o nosso objetivo é somar. É ser uma força de apoio, não uma força de oposição. A gente quer que o DARC atue e converse com a gente, para que a gente possa fazer coisas melhores para a faculdade, cada um dentro do seu âmbito de atuação”, disse. 

Lucas ressalta que houve tentativas de reuniões com o DARC e não houve interesse do diretório acadêmico em atuações políticas e deu abertura para que haja a criação do DCE. “Se eles não querem fazer política, deixa a política com quem quer fazer”, afirma. A equipe do Portal entrou em contato com o DARC e eles divulgaram a seguinte nota que pode ser acessada aqui.

 

Reportagem: Equipe do Portal

Supervisão: Equipe do Portal