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O Lado B do 11 de Setembro

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O dia 11 de setembro de 2001 entrou para a história após o ataque terrorista coordenado pela organização fundamentalista islâmica, Al-Qaeda, às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos. A repercussão mundial do atentado é um dos grandes marcos do século XXI, devido à proporção da catástrofe, que teve 2996 mortes, incluindo 19 terroristas.

Apesar de a simbologia desse dia geralmente ser associada ao ocorrido no World Trade Center, outros acontecimentos ao redor do mundo marcaram essa data. Alguns desses “esquecidos” pelo grande público também têm relação direta com os Estados Unidos, porém, como agentes do movimento. Para João Daniel Almeida, historiador e mestre em Relações Internacionais pela PUC-Rio, eles usam sua influência para intervir em outras nações e possuem grande responsabilidade pelos conflitos que ocorrem. 

Historicamente, o governo estadunidense possui uma política internacional de ocupação em territórios estratégicos. Além de aspectos geográficos, as interferências também representam interesses econômicos e ideológicos. Durante a segunda metade do século XX, a América Latina passou por um período de ditaduras com influências conservadoras no campo civil e político, apoiados pelos americanos. A repressão política norte-americana nos países latinos é conhecida como Operação Condor. 

Segundo o cientista político Mateus Mendes, tudo mudou para o país após a Primeira Guerra Mundial: “O conflito começa com os EUA sendo devedores e terminam sendo credores. A Grã-Bretanha saiu devendo a eles, alterando a capacidade de iniciativa militar. Aí, de fato, o país norte-americano pôde começar a dar sentido ao Destino Manifesto e passou a ter maior capacidade e liberdade de atuação”.

Militar na guerra do Afeganistão

Após a queda das Torres Gêmeas, George W. Bush, então presidente do país norte-americano, endureceu as medidas de segurança e começou a planejar uma invasão ao Afeganistão, onde estariam escondidos os membros da Al-Qaeda e, principalmente, o seu líder, Osama Bin Laden. Dois anos após a guerra no Afeganistão, os americanos ainda invadiram o Iraque, dando continuidade ao período conhecido como “Guerra ao Terror”. Mesmo após a captura do líder do grupo fundamentalista, as tropas permaneceram instaladas no Oriente Médio. 

Outro 11 de setembro, não tão lembrado, marcou o Chile em 1973. O país passou  por um golpe militar com o envolvimento da inteligência norte-americana. Diversos soldados chilenos, liderados por Augusto Pinochet, derrubaram o governo marxista, democraticamente eleito, de Salvador Allende, iniciando uma das piores ditaduras conhecidas. Segundo João Daniel: “Os norte-americanos também são responsáveis por esse conflito. Além disso, a guerra contra as drogas, os conflitos na América Central e a violência das gangues em El Salvador por conta das intervenções do governo Reagan”. Todos esses episódios provocados pelos americanos trouxeram consequências para esses países, completa.

Antonio Aguirre Vásquez, militante socialista, membro da Guarda Presencial, defendendo o La Moneda.

Os Estados Unidos são protagonistas globais e, por isso, todos os acontecimentos que têm o país como alvo repercutem muito.  O pós-graduado em História, Rodrigo Peixoto, diz que isso ocorre devido ao poder da imprensa estadunidense sobre a narrativa. “Não é que  outros acontecimentos tenham menos importância histórica, mas como são a maior potência, eles lideram a narrativa e fazem com que os episódios históricos ligados a eles tenham maior repercussão. “

O termo terrorismo significa emprego da violência para fins políticos, prática de atentados e destruições cujo objetivo é a desorganização da sociedade existente e a tomada do poder. Nesse sentido, os Estados Unidos apresentam, historicamente,  práticas consideradas terroristas em muitos países. Mateus Mendes conclui que a capacidade de enquadramento político e monetário estadunidense praticamente não tem limites, o que contribui ainda mais para essa política de invasões e interferências violentas. 

Reportagem: Arthur Vilela | Bruna Bittar | Deborah Lopes | Fabiano Cruz | Felipe Rinaldi | Filipe Fernandes | Gabriel Mota | Guilherme Dias | Henrique Fontes | Isys Bueno | Lucas Moll | Thais Soares

Supervisão: Brenda Barros | Felipe Roza

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