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Como a comunidade LGBT+ está lidando com o preconceito dentro de casa

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 Neste mês comemora-se no mundo inteiro o Orgulho LGBTI+. A história por trás desta celebração se dá por um grupo de homossexuais que enfrentou a repressão policial em um bar em Nova York, no dia 28 de junho de 1969, o que marca até hoje a luta e força da comunidade ao redor do mundo. Infelizmente, o Brasil continua apresentando milhares de denúncias relacionadas à homofobia anualmente, e é o país com maior índice de mortes por transfobia no mundo, segundo os dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). 

Com a pandemia causada pelo novo coronavírus, as pessoas estão passando o isolamento social sozinhas, com companheiros ou junto de suas famílias. Por conta disso, muitos são obrigados a lidar com o preconceito dentro da própria casa, o que também vem gerando ainda mais casos de violência contra LGBTs. 

A estudante Marina Belisario, de 20 anos, conta que assim como ela, muitos mantém uma rotina de sair ao máximo para se blindar do preconceito em casa. “Com a quarentena isso não é uma opção, a convivência com comentários e violências é inescapável”. Ela acrescenta que busca se preservar e não entrar em discussões com sua família, além de observar que ficar tanto tempo nas redes sociais estava afetando sua saúde mental. “Agora preencho meu tempo com grupos de estudo e marco horários para conversar com meus amigos por vídeo”.

Por outro lado, Henrique Victório, de 21 anos, encontrou um refúgio conversando com amigos em aplicativos, como Twitter e Whatsapp. “São os lugares onde eu lembro quem eu sou de verdade e como isso é bom”. Ele fala também sobre como a quarentena tem afetado sua relação com os pais, pois como eles não eram muito presentes, havia a impressão de que a relação fosse boa e sem julgamentos. No entanto, durante este período, Henrique diz que está sendo obrigado a ouvir o preconceito disfarçado de opinião, como: “estava aqui reparando, você deveria deixar o cabelo crescer, vai ficar mais feminino”. 

 O psicólogo Vitor Luiz Neto, formado pela UFG, recomenda que as pessoas que estão sofrendo homofobia busquem formas de se socializar nas redes sociais, para desabafar e trocar experiências de como está sendo o isolamento. Outra alternativa, é procurar atendimento psicológico, que durante a pandemia está sendo feito pela internet. Para os que não tem condições de pagar por esse tratamento, segundo ele, há profissionais disponibilizando ajuda gratuita: “Alguns psicólogos estão oferecendo apoio psicológico e plantão online de forma gratuita, pelo menos durante esse período de quarentena”. No que diz respeito à ações do governo, Vitor aponta que as autoridades deveriam promover a diversidade e a tolerância, porém não é o que está acontecendo atualmente. 

Júnior Braga, graduado em psicologia, reforça a necessidade de uma rede de apoio, seja com amigos, serviços, ongs e coletivos de apoio à população LGBTI.  “Dependendo da necessidade, o acompanhamento psicológico é muito importante” diz. Ele comenta que deve-se considerar a realidade de cada pessoa, pois muitos não possuem acesso à Psicoterapia e, por isso, as políticas públicas são  necessárias para garantir os devidos direitos à comunidade. 

Ele ainda dá algumas recomendações para quem se encontra em situação de violência por conta da LGBTIfobia, como ligar para o Disque 100 ou procurar uma delegacia. “Por exemplo, temos o Programa Rio sem Homofobia e, em São Gonçalo, o Centro de Referência LGBTI”. Esses programas oferecem diversos tipos de apoio, de acordo com cada demanda, por exemplo, jurídica, social e psicológica.

Há diversos perfis voltados para dar visibilidade às pessoas da comunidade, como a @universolgbti, que tem aproximadamente 60 mil seguidores. Eles utilizam o grande alcance para divulgar meios de apoio. Além disso, os ativistas informam como pessoas não LGBTs podem ajudar na causa. “Não seja conivente com a LGBTQfobia presente no dia-a-dia. Também é importante dar protagonismo a pessoas LGBTQs nos assuntos que diz respeito aos mesmos, ajudando instituições e abrigos”, aponta um dos administradores da página. 

A comunidade LGBTI+ sofre diariamente com o preconceito enraizado na sociedade, e, infelizmente o período de quarentena apenas agravou esta situação.  Contudo, este grupo vem conquistando cada vez mais direitos, mesmo que tardiamente e as pequenas vitórias também devem ser comemoradas. Em 2013 foi aprovada a união homoafetiva no país, e no dia 8 de maio deste ano foram derrubadas as restrições que impediam homossexuais de doar sangue. Apesar da Parada LGBT não poder acontecer este mês devido ao novo coronavírus, diversas organizações e figuras públicas estão se mobilizando para fazer publicações relacionadas ao Orgulho LGBT, com a intenção de propagar o amor e a igualdade.

Reportagem por: Eloah Almeida e Gabriela Leonardi.

Supervisão: Maria Luísa Martin e Patrick Garrido.

 

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